Gostem ou não dele, é inegável que Tiago Leifert mudou a cara dos programas esportivos na tevê. Criou um estilo mais despojado e bem-humorado na apresentação e um conteúdo mais diversificado, dando espaço até para os videogames.
Sua passagem do jornalismo para a área de entretenimento da Globo foi algo natural. Assumiu o musical “The Voice”, não por acaso comanda o “Zero 1” (primeira atração “geek” produzida pela emissora) e desde o ano passado está à frente do “Big Brother Brasil”.
Semana passada, ele voltou a falar de esporte e causou polêmica com o texto “Evento esportivo não é lugar de manifestação política”, publicado no site GQ.
Leifert acha que as competições devem representar um “desligamento da realidade”, portanto não são apropriadas para que alguém levante uma bandeira – para isso existem as redes sociais, segundo ele.
Cita como exemplo Colin Kaepernick, jogador de futebol americano que causou a fúria do presidente Donald Trump e de conservadores por ter iniciado uma série de protestos caracterizada pelo ato de se ajoelhar durante o hino nacional dos EUA, antes das partidas, em repúdio ao racismo no país. Atitude repetida e apoiada por outros atletas.
Por conta de seu ativismo, Kaepernick está sem time (ele doa US$ 1 milhão anualmente a entidades que combatem a desigualdade social). Curioso que a mesma GQ em que Leifert escreve, porém em sua versão norte-americana, elegeu o atleta “o homem do ano” em 2017, estampando-o em sua capa na edição de dezembro…
Não sei se Leifert viu, mas na recém-terminada Olimpíada de Inverno houve ao menos uma cena histórica: na cerimônia de encerramento, as delegações das Coreias do Norte e do Sul desfilaram unidas, como se fossem só uma – sob aplausos efusivos de 30 mil sul-coreanos.
Ah, provavelmente o apresentador global também desaprova faixas de torcidas em estádios de futebol que não tenham a ver com o esporte (algo observado no Brasil de uns tempos pra cá).
Estes são casos recentes de inúmeros observados ao longo dos tempos mostrando que SIM: esporte e política se misturam.
Quer se desligar da realidade? Assista ao “BBB”…
