TV em Transe

Jornalismo contra o ódio

22/03/2018

Além da premissa básica de informar, o jornalismo tem entre suas funções esclarecer a opinião pública. Em tempos onde as redes sociais despejam fake news a torto e a direito, e onde covardes escondidos atrás de teclados mostram quão baixo um ser pode chegar, este papel se torna ainda mais relevante, como no caso do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco.

Vi na tevê aberta pelo menos duas reportagens dignas de nota: no “Fantástico” da Rede Globo e no “Conexão Repórter”, no SBT.

Tanto a revista dominical quanto o jornalístico do competente Roberto Cabrini foram além da mera cobertura sobre o bárbaro crime do qual Marielle foi vítima.

Em ambos vimos um jornalismo preocupado em retratar a história de vida de uma mulher que saiu de uma favela, derrubou as barreiras social e racial, graduou-se numa universidade e depois se tornou a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro, combatendo injustiças contra minorias. Também destacaram a indignação dos familiares de Marielle com os ataques mentirosos e cheios de ódio surgidos na internet após sua morte e foram até didáticos ao explicarem o que são, de fato, os direitos humanos.

 

Fla-flu – Mas as reportagens também seguiram caminhos diferentes.
O “Fantástico” destacou a fábrica de notícias falsas que espalha mentiras e dissemina ódio nas redes sócias, citando a responsabilidade de quem compartilha e divulga esse tipo de postagem – incluindo autoridades do Legislativo e Judiciário. 

Já Cabrini esteve no Complexo da Maré (onde precisou da autorização de traficantes para filmar!), em busca das origens de Marielle, e ainda traçou um panorama do racismo no país, expondo suas várias faces.

Dois trabalhos jornalísticos acima do medíocre “fla-flu ideológico” no qual tem sido transformado todo e qualquer acontecimento político de uns tempos pra cá. Aliás, no assassinato de Marielle não tem sido diferente, inclusive com relação à exploração política do fato.