Comportamento

Todo dia é 1º de abril!

31/03/2018

Pouco antes de morrer, o escritor e filósofo Umberto Eco disse que as redes sociais deram voz à uma legião de imbecis. "Antes falavam apenas em um bar, depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade. Normalmente, eles eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra que um Prêmio Nobel", disse. É nesse cenário catastrófico que outro mal da humanidade ganhou proporções planetárias: a mentira – agora chamada de "fake news".

Além de expressar a própria opinião, baseada naquilo que gostaria que fosse (em vez de fundamentado em fatos), o imbecil do século 21 curte e compartilha conteúdos que não encontram reflexo na realidade. Mas por que os fake News se propagam numa velocidade e proporção tão assustadoras? 

Antes de mais nada, vale lembrar que a fofoca, o boato e a difamação são tão velhos quanto a história da humanidade. A diferença é que agora, no conforto de laptops e smartphones, é muito mais fácil compartilhar informações inverídicas. Assim, por preguiça ou impulso, a nuvem de devaneios se espalha cada vez mais.

 

Pós-verdade
Além de mais cômodo, a pessoa compartilha mentiras para reforçar as próprias convicções. Por mais insano que possa parecer, é uma estratégia para encontrar "argumentos" em informações que não se sustentam em dados concretos, mas sim na sua emoção, crenças pessoais e naquilo que ela acredita que "deveria ser".

Este comportamento se fez tão presente que, em 2016, o prestigiado Dicionário Oxford incluiu entre seus verbetes o termo "pós-verdade" (post-truth) e elegeu-o como "a palavra do ano". 

 

Bolhas
Apesar de o ditado popular ensinar que "a mentira tem perna curta", estas informações descoladas da realidade só ganham repercussão porque são difundidas por pessoas que pensam da mesma maneira: as fake news são utilizadas para reforçar as crenças deste grupo e, se possível, angariar mais adeptos. Por não admitirem o contraditório, excluem quem pensam diferente e se isolam em verdadeiras bolhas de pensamento. 

Os desenvolvedores das redes sociais também favorecem a criação destas bolhas virtuais. Os chamados algoritmos fazem com que o usuário tenha contato com informações mais relacionadas às suas preferências pessoais. Quanto mais ele "curte" algum assunto, mais ele aparece na sua linha do tempo. O processo alienante ganha proporções tão grandes que a pessoa crê que o que vê na sua tela retrata a realidade.
 

Vacine-se contra as fake news

Busque a fonte- Procure a origem da notícia, qual veículo de comunicação. Existem sites comprovadamente produtores de "fake news" (confira lista abaixo).
Cheque em fontes oficiais- Procure as notícias em sites jornalísticos de credibilidade ou nos canais oficiais de comunicação de órgãos do governo.
Desconfie dos adjetivos- Adjetivos são palavras que dão juízo de valor a pessoas, situações ou lugares (bom, horrível, feio etc) e são imprecisos (longe, grande etc). Textos com informações objetivas possuem poucos adjetivos.
Confira a data- Muitas vezes, a notícia é verdadeira, mas antiga e, portanto, desatualizada.
Leia a notícia inteira- Apenas o título pode levar a conclusões precipitadas e equivocadas
Não se deixe levar pela emoção- Indignação ou comoção ajudam a propagar notícias falsas. Cuidado com apelos como "Isso é um absurdo!" ou "Ajude fulano a…"
Evite o "mande para todos os seus contatos"- Sinal de alerta para quem está interessado na difusão, não com a veracidade da informação
Tenha responsabilidade- Ao compartilhar uma informação, você está se tornando o responsável por ela. "Não sei se é verdade", "Me enviaram" não o isenta das consequências, inclusive penais. 
Na dúvida, não compartilhe- Se mesmo pesquisando você não está plenamente convicto, delete.
 

Estudo identifica fontes de mentiras
Pesquisadores da Associação dos Especialistas em Políticas Públicas de São Paulo (AEPPSP) identificaram os principais sites que propagam notícias falsas no Brasil. Eles utilizaram um programa que rastreia os servidores onde estes sites estão hospedados e descobriram que a maior parte está em outros países.

 

Confira:
• Ceticismo Político: http://www.ceticismopolitico.com/
• Click Política: http://clickpolitica.com.br/
• Correio do Poder: http://www.correiodopoder.com/
• Crítica Política: http://www.criticapolitica.org/
• Diário do Brasil: http://www.diariodobrasil.org/
• Folha do Povo: http://www.folhadopovo.com/
• Folha Política: http://www.folhapolitica.org/
• Gazeta Social: http://www.gazetasocial.com/
• Implicante: http://www.implicante.org/
• JornaLivre: https://jornalivre.com/
• PassaPalavra: http://www.passapalavra.info/
• Pensa Brasil: https://pensabrasil.com/
• Política na Rede: http://www.politicanarede.com/
• Rádio Vox: http://radiovox.org/
• Rede de Informações Anarquista: https://redeinfoa.noblogs.org/
• Revolta Brasil: http://www.revoltabrasil.com.br/