O STF (Supremo Tribunal Federal), cujo papel seria o de atuar como um poder moderador, impedindo excessos ou ações que coloquem em risco a cidadania e a própria democracia, infelizmente se transformou numa perigosa fonte de conflitos para o Brasil. A raiz do problema está na politização da mais alta Corte. Seus ministros são indicados pelo presidente da República e passam a ocupar um mandato permanente, que só termina aos 75 anos.
O fato é que os ministros do STF não são indicados pelos seus méritos e sim pelos compromissos que têm com os ocupantes de plantão do Palácio do Planalto. A fórmula tem se revelado um desastre e as consequências são terríveis para a Nação.
Nunca na história recente do Brasil se viu um STF tão desmoralizado. Ministros despreparados do ponto de vista jurídico e intelectual e que mostram profundo desprezo pela sociedade.
Na quinta-feira, o polêmico Gilmar Mendes se irritou com um repórter da Folha de SP e produziu mais uma baixaria, indigna para um ministro da mais alta Corte. Indagado pelo jornalista sobre quem teria pago sua viagem pela Lisboa, onde vai participar de um seminário pelo IDP (Instituo Brasiliense de Direito Penal), do qual é um dos sócios, Mendes respondeu: "Devolva essa pergunta ao seu editor, manda ele enfiar isso na bunda. Isso é molecagem, esse tipo de pergunta é um desrespeito, é um desrespeito".
Mendes recebe seus salários do contribuinte e talvez não tenha compreendido, ainda, que o cidadão brasileiro tem o direito de saber quem custeia viagens de autoridades. O ministro revelou falta de educação, desrespeito ao contribuinte e passou a certeza de que não sabe o que é viver em uma democracia. Talvez seja isso que o motive a conceder habeas corpus com frequência a tantos bandidos de colarinho branco.
Mas, como diz a Lei de Murphy, nada pode estar tão ruim que não possa piorar. Se o STF vai mal aos olhos da opinião pública com Cármen Lúcia na Presidência, vai piorar quando Dias Toffoli. assumir a Corte em setembro.
Aos poucos o STF, para muitos brasileiros, está se transformando no inimigo público número 1 do país. Isso é um desastre para a democracia e para o Brasil. Tempos sombrios.
