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Mitos e verdades da Psiquiatria

14/04/2018

A desinformação ou ignorância (no sentido literal da palavra) gera muito preconceito e ideias erradas quando se fala em transtornos mentais, doenças que se apresentam de diferentes formas e afetam cerca de 700 milhões de pessoas no mundo, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde. Uma das maiores autoridades do país no assunto, o psiquiatra Joel Rennó Jr esclarece mitos e verdades que envolvem este delicado e complexo ramo da saúde.
 

1- Transtorno mental é sinônimo de loucura
Mito. Apesar do sentido pejorativo que muitos podem atribuir ao nome, Joel Rennó Jr explica que transtorno mental significa apenas que a pessoa tem uma doença psiquiátrica. "Não quer dizer loucura, fraqueza pessoal. É uma doença geralmente crônica como diabetes, hipertensão etc. É preciso tratar para que os sintomas seja controlados e, assim, a pessoa possa levar uma vida normal.

 

2 – Ter um transtorno mental é sinal de fraqueza.
Mito. Não é sinal de fraqueza ou falta de caráter, mas pode ser uma soma de fatores como predisposição genética, alterações clínicas e ambientais, eventos estressores atuais ou prévios e alterações químicas cerebrais.

 

3 -Transtorno Bipolar não permite ter uma vida normal
Mito. Há tratamentos (medicação, acompanhamento psiquiátrico e piscoterápico) que permitem que a pessoa leve a vida normalmente, desde que siga as orientações de forma adequada.

 

4 – Ir ao psiquiatra é sinônimo que o caso é grave
Mito. A psiquiatria serve para diagnosticar e tratar casos de sofrimento emocional intenso, alterações comportamentais – às vezes muito sutis – que prejudicam a vida social, profissional, sentimental e familiar de qualquer pessoa. "Deve-se buscar ajuda profissional justamente para o quadro não se agravar", orienta.

5- Depressão é genética
Mais ou menos. Como outros transtornos mentais, a depressão possui um componente genético. "É comprovado que parentes de primeiro grau de indivíduos com transtorno depressivo apresentam duas a três vezes mais chances de terem um quadro depressivo", informa o psiquiatra. Mas, segundo ele, outros fatores contribuem para o desenvolvimento ou não da depressão, como eventos da primeira infância, estrutura familiar, doenças clínicas, personalidade e presença de estressores ambientais.

 

6 – Depressão e ansiedade podem impedir uma pessoa de trabalhar
Verdade. "Qualquer transtorno que interfere no humor, cognição e comportamento, como os quadros depressivos, distímicos (mau humor crônico) e quadros ansiosos, podem alterar o desempenho no trabalho. Esses pacientes podem apresentar dificuldade de concentração e raciocínio, incapacidade total ou parcial", enfatiza Joel Rennó Jr. 

 

7 –  Depressão e tristeza são a mesma coisa
Mito. O médico explica que tristeza é um sentimento que todos nós sentimos em situações difíceis como a perda de alguém querido. Já o ranstorno depressivo é uma síndrome, um conjunto de sintomas que, além do sentimento de tristeza, engloba humor deprimido; alterações de memória, concentração, sono e apetite; diminuição da capacidade de sentir prazer e motivação para se envolver em diversas atividades. "Tais sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas", completa.

 

8 – Abusar de álcool e drogas pode causar transtornos mentais
Verdade. Dependendo da quantidade, frequência e da genética da pessoa, esse consumo pode se tornar crônico e desencadear a dependência química e até transtornos como depressão, bipolar de humor, esquizofrenia. Pessoas com depressão e outros transtornos mentais são mais vulneráveis ao abuso de álcool e outras drogas. 

 

9 – Medicamentos psiquiátricos viciam
Mito. Joel Rennó Jr comenta que, atualmente, existem medicamentos eficientes, como antidepressivos e estabilizadores de humor, que não viciam e não deixam a pessoa "dopada", conferindo maior qualidade de vida ao paciente. 

 

10 – Mau humor e ansiedade podem ser sintomas
Verdade. Os transtornos mentais são síndromes, ou seja, um conjunto de vários sintomas. Mas para o mau humor e a ansiedade representarem sintomas, os episódios devem ser frequentes e de certa intensidade, e apenas o psiquiatra é gabaritado para avaliar cada situação.