Comportamento

Quem não se comunica se trumbica

05/05/2018

No agora distante século 20, o emblemático apresentador Abelardo Barbosa, o Chacrinha, já vaticinava: “quem não se comunica se trumbica”. Na sua simplicidade e irreverência, o “Velho Guerreiro” alertava para uma necessidade cada vez maior nos dias de hoje: transmitir mensagens entre pessoas de modo eficiente. 

“A comunicação correta tem impacto em vários pontos das vidas das pessoas”, explica Reinaldo Passadori, especialista em Comunicação Verbal. "Pode provocar diversos prejuízos, como brigas, desentendimentos, vendas perdidas, negociações malsucedidas, treinamentos ineficientes e discursos sonolentos", alerta.

Segundo ele, menos problemas iriam ocorrer se as pessoas conseguissem comunicar-se melhor. Passadori, que é autor de dois livros sobre o assunto e já treinou mais de 80 mil profissionais para se comunicarem melhor, identificou alguns problemas comuns que podem ser facilmente corrigidos:
 

• Voz fraca –Volume baixo, onde a voz é quase inaudível.
• Linearidade –A fala mantém um tom monocórdio, gerando sonolência e desatenção das pessoas.
• Dicção ruim –Dificuldade de pronúncia, onde os sons não são claros e a compreensão fica prejudicada.
• Velocidade excessiva –Ocorre quando a pessoa atropela as palavras, além de dificultar o entendimento das ideias.
• Velocidade lenta -Talvez pior ainda do que a velocidade acelerada. Ficamos impacientes, querendo ajudar a pessoa que está falando, também gerando desinteresse.
• Ausência de teatralização- A pessoa que fala nada expressa além do conteúdo e sabemos que tão ou mais importante do que o conteúdo é a forma de falar. Um bom exemplo disso é a pessoa falando algo alegre com uma voz triste ou melancólica.
• Nasalação –Os sons são excessivamente anasalados, tornando feia a fala.
• Ausência de pausas –As pausas servem para facilitar a compreensão do ouvinte, dar beleza estética e também para que o apresentador possa melhor concatenar as suas ideias. A ausência de pausas torna a fala inadequada e distrai a atenção dos ouvintes.
• Ausência de gestos -Algumas pessoas colocam as mãos atrás ou na frente do corpo ou ainda na cintura (tipo açucareiro), cruzam os braços ou enfiam as mãos nos bolsos e não fazem gestos. Uma gesticulação adequada reforça o conteúdo da fala.
• Postura inadequada –Pensando na posição dos pés, podemos fazer uma analogia com o relógio. Existe a posição "quinze para o meio dia", "Meio dia e quinze" e "dez para as duas". São inadequadas, desviam a atenção dos ouvintes e geram certa deselegância.
• Olhar perdido –Há aqueles que olham para cima ou para baixo ou apenas para algumas pessoas. O ideal é que se olhe nos olhos das pessoas, envolvendo-as plenamente.
• Aparência deselegante –Um toque de classe, de sensibilidade, de bom senso e de bom gosto nunca é demais. Só que algumas pessoas exageram no contrário, ou seja, são relaxadas mesmo, desde uma roupa suja ou um sapato sem graxa e malcuidado até desleixo em detalhes de asseio e aparência corporal.

Como  vencer o medo de falar em público

Falar em público (seja numa pequena reunião ou para grandes multidões) é m martírio para muita gente. E esse medo tem até uma denominação técnica: glossofobia.

Reinaldo Passadori, especialista em Comunicação Verbal, explica que existem os casos mais graves, gerados por fobias profundas ou traumas, que necessitam de medicamentos específicos e tratamento feito por especialistas da medicina ou apoio terapêutico. "Tirando esses casos excepcionais, todas as pessoas podem enfrentar esse medo que as impede de mostrarem seu real potencial, praticando com professores de oratória, usando técnicas específicas para a obtenção de resultados mais satisfatórios".

As reações mais comuns à glossofobia  são: fugir da situação, arranjar uma desculpa, ficar doente só para não falar, ainda mais quando for diante de um público imenso, com palco, microfone, iluminação adequada, câmaras de vídeo, holofotes…. "Há gente que não fala em público de jeito nenhum, nem sequer na festa de aniversário com pessoas da própria família!", salienta.

 

Como superar a Glossofobia 
1. Acredite em você mesmo, no seu imenso potencial. Mentalize-se tendo sucesso e sendo reconhecido pelo seu esforço de falar, sendo aplaudido pelo público e parabenizado pelo seu diretor ou superior imediato.

2. Conheça bem sobre o assunto que irá falar, saiba especialmente como iniciar; se necessário, tenha uma pequena anotação para alguma emergência, caso esqueça.

3. Aprenda a relaxar, fazendo exercícios de respiração, meditação, distensionando seus músculos, movimentando a cabeça, friccionando as mãos, mantendo uma postura firme e decidida.

4. Mesmo que esteja tenso, não demonstre, procure andar com passos firmes, sem exagero, olhe para as pessoas (nos olhos), posicione-se, cumprimente essas pessoas e comece a falar.

5. Acredite que as pessoas estão torcendo para o seu sucesso, querem ser surpreendidas com você, com seu conteúdo e desejam que você se saia bem e que tenha êxito.

6. Tenha uma estratégia bem preparada para iniciar. Exemplo é fazer algumas perguntas para quebrar o gelo, contar um fato que seja relacionado com o tema, apresentar o objetivo da sua apresentação, usar um pensamento, provérbio ou uma mensagem alusiva ao tema que irá abordar.

7. Conheça suas virtudes, apoie-se nelas, resgate momentos que teve coragem, firmeza para enfrentar situações difíceis na sua vida e procure trazer essas lembranças para esse momento. Talvez você se surpreenda como isso é poderoso.

8. Treine muito; procure dar aulas, fale em reuniões, ouse dar a sua opinião, mesmo que seja simples, não importa; conte piadas no seu grupo de amigos, defenda seu ponto de vista, lute por uma causa.