Comportamento

Perigo! Mantenha distância de pessoas tóxicas

19/05/2018

Não mais do que de repente, você começa a se sentir triste, desanimado, sem saber o exato motivo. Cuidado: é um sintoma claro da proximidade de uma pessoa tóxica, uma companhia que, de diversas maneiras, lhe deixa se sentindo angustiado.

Uma pessoa tóxica pode ser um colega de trabalho ou estudo, um familiar, alguém que se diz amiga e, em alguns casos, é dificilmente identificável. O motivo é, na interação, ela o faz acreditar que todos os seus problemas são de responsabilidade exclusivamente sua. Críticas severas, pessimismo, cobranças exageradas, mentiras e depreciações são algumas das estratégias utilizadas por pessoas tóxicas para contaminá-lo.

Mas o que leva uma pessoa a ter um comportamento tóxico com o outro? Pode ser desde uma tática nociva de competitividade (no trabalho, por exemplo) até mesmo um movimento involuntário, movido por puro sadismo ou tentativa de elevar a própria autoestima.

Nesta entrevista, a doutora em Psicologia Social Gisela Monteiro fala sobre como identificar pessoas tóxicas ao seu redor e como conviver com elas – e sobreviver.
 

O que é uma pessoa tóxica?
Gisela Monteiro-
É aquela pessoa com quem a convivência faz mal, porque prejudica ou atrapalha outra de diferentes maneiras. É o excessivamente crítico, pessimista, derrotista, aquela pessoa pesada e difícil de agradar.

 

Como ela pode prejudicar a vida da pessoa com quem convive? 
Gisela Monteiro
– Para falar do prejuízo vou falar antes do que é saudável. O convívio saudável envolve diferentes formas de troca. As pessoas com as quais gostamos de conviver são aquelas com quem compartilhamos valores, as que nos ajudam, agradam, dão afeto e que, por isso, também queremos compreender e ajudar. É uma troca intuitiva que vai naturalmente acontecendo, reforçando a convivência e alimentando a relação. A pessoa tóxica é a que não consegue troca saudável e acaba minando a relação porque é mesquinha, destrutiva, chantagista, vampiresca. Aquele que só critica e ataca, que é incapaz de reconhecer seus méritos, de ficar feliz por você.  A relação saudável envolve também um olhar crítico, dar um toque no outro quando algo não vai bem. Mas só fazer crítica não é legal.

 

Como identificar que uma pessoa é tóxica?
Gisela Monteiro-
Acho que a principal característica é que a pessoa tóxica não é capaz de enxergar o outro. Não percebe o mal que faz. Por motivos variados ela não consegue ter relações construtivas. Um jeito de identificar é pensar sobre o tipo de troca que há na relação com ela. Se for unilateral, ou seja, você dá muito e recebe pouco, nada ou só recebe críticas, está na hora de rever o convívio. A amizade se torna muito custosa e faz com que as pessoas se afastem naturalmente dela. Se a pessoa é intencionalmente tóxica, penso que aí há um problema de caráter, é uma outra situação bem mais complexa de enfrentar. 

 

Quais os tipos de pessoas tóxicas?
Gisela Monteiro-
Os mesquinhos, que não conseguem dar; os egoístas, que só pensam em si; os vampiros, são os parasitas que vivem do seu trabalho, do seu dinheiro e/ou do seu afeto; os chantagistas, que ameaçam com retaliações para que você se comporte como ele quer; e os destrutivos, que fazem críticas ferinas com doses variadas de agressividade, entre outros. Penso que o principal critério é a sensação subjetiva de que aquela pessoa faz mal, porque às vezes é difícil identificar. Por exemplo, a pessoa pode ser um crítico sutil e educado, mas se for sempre e somente crítico, sem nunca apontar méritos, pode-se pensar que há uma relação tóxica.

Como não ser afetado quando o convívio com a pessoa tóxica for inevitável?
Gisela Monteiro-
Na medida que você identifica que a pessoa é tóxica, uma estratégia é de se relacionar da forma mais superficial e distante possível. Mantenha a educação e o respeito, mas economize seus recursos para as relações saudáveis e prazerosas. Não tente ser o amigo sincero que vai falar as verdades e transformá-lo. Há grande chance de que a pessoa não aceite sua opinião e se torne mais tóxica ainda com você!

 

Tipos de pessoas tóxicas
Invejosas- Por não estarem felizes com a própria vida, tentam desqualificar o sucesso alheio. Sabotam o trabalho alheio, promovem intrigas e criticam qualquer iniciativa positiva.

Controladoras- Nada pode diferente de como ela deseja. Apesar de quererem definir tudo, são extremamente inseguras e não querem correr risco.

Vítimas- Fazem chantagem emocional para atingir seus objetivos. Nunca admitem os próprios erros e buscam sempre atribuir ao outro a responsabilidade sobre um problema. 

Arrogantes- Através da truculência, recorrem à intimidação (ainda mais se ocupam uma posição superior na hierarquia, como por exemplo um cargo de chefia) para atingir seus objetivos. Na verdade, buscam ocultar suas limitações e inseguranças.

Mentirosos- Neste grupo dos que faltam com a verdade, incluem-se os compulsivos (aqueles que creem no próprio universo imaginário que criaram) e os dissimulados (os que falam e agem de modo completamente inverso)

Pessimistas– Desanimam o outro, fazendo as piores previsões possíveis, com argumentos e fatos que não encontram nenhuma correspondência com a realidade. Buscam podar qualquer iniciativa alheia, com o objetivo de impedir que o outro se destaque e, assim, revela a própria mediocridade. 

Fofoqueiras- Seu objetivo principal é disseminar a discórdia, divulgando informações negativas, muitas delas mentirosas. Tem prazer em "ver o circo pegar fogo" e, se puder, joga gasolina.

Preconceituosas- São especialistas em fazer julgamentos precipitados e disseminar críticas infundadas. 

 

Mal à saúde do corpo

Por despertarem sentimentos como raiva e angústia, pessoas tóxicas podem provocar problemas de saúde física. Isso porque situações de estresse influenciam diretamente na produção de hormônios como serotonina e dopamina, o que pode acarretar na queda da imunidade e, portanto, o aparecimento de doenças.

“Estudos comprovaram que o sistema endócrino e nervoso, por exemplo, influenciam as defesas do nosso corpo pela liberação de hormônios, que estão diretamente ligados as nossas emoções", explica o psiquiatra Alfredo de Marco. “Quando nos sentimos bem, nosso corpo funciona de maneira equilibrada. Por outro lado, quando estamos em uma montanha-russa de sentimentos, promovemos a liberação de hormônios de maneira descontrolada, o que afeta não só nossas células de defesa como todas as funções orgânicas que desempenhamos", completa.