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Estigma prejudica combate ao sofrimento mental

02/06/2018

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os transtornos mentais atingem 10% da população do planeta, o que corresponde a mais de 700 milhões de pessoas. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que 3% da população necessitam de cuidados contínuos em saúde mental, devido a transtornos severos e persistentes, e 9% precisam de atendimentos eventuais. Entretanto, a busca por tratamento muitas vezes acontece de forma tardia, devido ao estigma e à desinformação que ainda rondam a ida ao psiquiatra.

 

“Qualquer sofrimento psíquico que esteja atrapalhando a vida do indivíduo merece uma avaliação psiquiátrica para verificar se isso representa, ou não, uma doença mental”, esclarece o psiquiatra Caio Macedo Athayde Bonadio, do Hospital Santa Mônica, de São Paulo.
 

Fique atento aos sinais de alerta

Entre os principais sintomas que exigem o atendimento de um psiquiatra, Bonadio aponta pensamentos de morte; delírios; compulsões (compras excessivas, sexo, manias de limpeza e organização, automutilação, entre outros); alterações de memória e de sono; irritabilidade intensa; desinteresse pela vida pessoal;ansiedade extrema; medo intenso.

A dependência química também é considerada um transtorno mental e, nesses casos, o atendimento psiquiátrico se faz necessário quando há perda do controle do uso da substância, exposição a situações de risco, prejuízos financeiros, deterioração das relações familiares, sociais e conjugais, além de fissura e sintomas de abstinência quando o indivíduo fica sem o produto.

"Muitas vezes a dependência química é lembrada somente por conta do álcool e das drogas, como cocaína e crack. Porém, existe dependência química de medicações para dormir, café, cigarro, anestésicos, energéticos, estimulantes (como a anfetamina), hormônios anabolizantes e muitas outras substâncias", complementa o psiquiatra.

 

Psiquiatra ou psicólogo, a quem recorrer?
Caio Bonadio explica que o psiquiatra é responsável pelo diagnóstico e tratamento das doenças mentais, além de estar habilitado a receitar medicações. Ele também pode coordenar equipes multidisciplinares (médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais), que muitas vezes conduzem o tratamento dos pacientes. Por se tratar de doenças crônicas, o psiquiatra costuma acompanhar o paciente ao longo de toda a sua vida. Por isso, a regularidade no tratamento e a frequência das consultas são essenciais para o sucesso terapêutico.

Já o psicólogo, assim como o médico, pode se especializar na área de saúde mental e atuar em equipes multidisciplinares no tratamento de pessoas com transtorno, por meio de psicoterapias, como a psicanálise e a terapia cognitivo-comportamental.

 

Porém, não pode realizar procedimentos médicos ou prescrever remédios, apesar de ter conhecimentos básicos sobre como as medicações atuam no cérebro. "O apoio psicológico ao sofrimento psíquico é importante, e o tratamento combinado geralmente é o que alcança os melhores resultados", afirma Bonadio.