TV em Transe

Alarmismo, sentimentalismo. E o jornalismo?

31/05/2018

A cobertura da greve dos caminhoneiros na telinha tem seguido a cartilha na qual o jornalismo tem se pautado nos últimos tempos. A espetacularização de um tema em detrimento da informação pura e simples.

Transformando tudo em show fica mais fácil atrair a audiência, além de moldá-la de acordo com determinados interesses. Não importa que a irresponsabilidade ao tratar de um assunto cause pânico (neste caso uma corrida desenfreada aos supermercados), desde que os objetivos acima sejam alcançados. Os fins justificam os meios.

Para que ser informativo e elucidativo quando se pode dramatizar ao máximo um fato por si só grave, tratando-o como se estivéssemos à beira de um apocalipse?

Para que explicar o que realmente levou os caminhoneiros à paralisação, esclarecendo a questão da mudança na política de preços dos combustíveis promovida pelo atual governo? Melhor colocar uma velhinha clamando para que os grevistas voltem ao trabalho, como fez o “Fantástico”.

Ou então, no mesmo programa, levar ao ar conversas entre caminhoneiros supostamente gravadas em uma rede social, sem PROVA ALGUMA de que realmente eram membros da categoria se manifestando – e desafiando autoridades. 

 

Sucateamento –  Aliás, a dependência dos caminhões para o transporte de cargas no país fez o histórico descaso com o sistema ferroviário voltar à baila, assunto que deveria ser mais presente na mídia e cobrado junto ao poder público. 

O desespero causado pela falta de combustível também escancara nossa cultura de priorizar o transporte individual em detrimento do coletivo – outro setor carente de investimentos.

 

Inflamado

E o Faustão hein? A cada semana que passa seus discursos ficam mais inflamados. Seu programa está mais parecendo um palanque. Domingo passado, então, foi uma espécie de “um dia de fúria”. Sobrou pra todo mundo: governo, grevistas, políticos, classe artística… Basta um convidado dar uma deixa e lá vem discurso. Lá pelas tantas, esclareceu: “Eu não uso ponto eletrônico. Toda merda que eu falo é da minha cabeça. Não é de ninguém falando pra mim. Falo por mim”.