Comportamento

Como enfrentar uma relação à distância

15/06/2018

No mundo que está cada vez mais tecnológico e ágil quanto à comunicação, torna-se mais fácil a até comum, manter uma relação à distância. Além de pessoas que usufruem de aplicativos de relacionamentos, sem limite de quilômetros na hora da escolha, outras, em determinado momento, se veem forçadas a mantê-lo assim. Isso mostra que ter uma relação amorosa à distância não é impossível nem necessariamente difícil de ser vivida.

A psicóloga especialista em comportamento Márcia Atik explica que o que pode atrapalhar nesse distanciamento é essencialmente o contato físico. “Nós somos seres amáveis e desejosos. O contato pode ser adiado por um tempo, mas em algum momento o corpo vai gritar e o contato físico se torna essencial”, pontua. Logo, uma barreira a ser vencida.

As complicações aumentam quando o casal se conhece virtualmente. “Não conhecer a pessoa pessoalmente dá margem para muita idealização. Nos apaixonamos por um todo, inclusive modos, expressão, efetividade e demonstração”, explica Márcia. O indicado, segundo a psicóloga, é não deixar tudo ficar no plano do ideal: “se não temos um contato mais próximo, a vida real não entra nesse tipo de relação”, finaliza.

Então, como seguir juntos em uma relação em que a distância é o principal fator?

500 quilômetros
A santista Ana* conheceu a carioca Marcela* em uma festa de família no Rio de Janeiro. Naquele dia surgiu o primeiro beijo. Quinze dias depois, com a vinda de Manuela a cidade da companheira, o casal decidiu levar a relação a sério. “Não pensei duas vezes em aceitar! Mas nem sabia o que viria, não sabia como iria lidar com isso tudo”, conta Ana sobre o pedido de namoro da parceira.

Não bastasse a distância, a diferença de idade entre as duas é de 10 anos. Enquanto Ana estuda para passar no vestibular e mora na casa dos pais, Marcela é advogada e mora sozinha na capital carioca. Dois mundos – por ironia – mais distantes.

“Ela vem para minha casa e eu já fiquei em hotel quando fui à cidade dela. Dá saudade, mas quando o casal estabelece essas situações, consegue fazer fluir bem”, esclarece Marcela. Quanto ao pedido de namoro rápido, a advogada não mede romantismo. “Não precisei de mais tempo para saber que ela me completava”, diz.

Doze mil quilômetros
Mas, se a distância entre Santos e Rio de Janeiro já é difícil de levar, imagina de Santos a Doha, no Qatar! São quase 12 mil quilômetros que separam Bruna Almeida, 22 anos, e Rafael Carvalho, 23, quando ela decidiu ir trabalhar como aeromoça naquele país, há dois meses.


No dia da despedida do casal no aeroporto. Foto: Arquivo Pessoal

Bruna conheceu o atual namorado depois de já ter feito a entrevista para trabalhar no Qatar. “Quando a empresa me procurou foi um susto! Eu demorei a contar porque estava com medo de ele decidir não levar o relacionamento para frente”, conta a jovem.

Com um tempo esticado para ensaios de como contar e a ansiedade tomando conta, no dia de uma festa, Bruna decidiu falar. “Ele ficou bem chocado, não soube como digerir a informação. Relacionamento à distância é difícil e não queríamos passar por isso. Voltamos para a festa e depois de um tempo ele me chamou para falar que era para tentarmos sim”. Para ela, o único lado ruim é a saudade de não ter o parceiro ao lado, mas a aeromoça é otimista: “nós somos criativos para contornar isso!”.

Existe algum segredo?
O toque e o olho no olho são fatores que estimulam o desejo, mas um relacionamento não depende só disso. A psicóloga afirma que é possível ter uma relação à distância desde que existam objetivos em comum. “A distância dá espaço para que as pessoas vivam outras coisas sozinhas e isso é natural. Se não houver comprometimento, se torna uma relação fluída e frágil”.

Na relação de Bruna e Rafael, nada falta, como preferem se posicionar. Ana* e Manuela* são fortes e aprendem cada vez mais a lidar com esse ímpeto. O amor recente de um e bem construído de ambos faz manter a confiança e o altruísmo de leva-los à frente independente da distância. Sem segredos, o ideal para os casais, é amar.

*Os nomes foram trocados para preservar a identidade das entrevistadas