TV em Transe

Entre mimos e protestos

28/06/2018

Qual a função principal de um jornalista que cobre uma Copa do Mundo? Torcer e apoiar a seleção de seu país ou tentar se manter longe disso, reportando os fatos e emitindo opiniões sem um envolvimento que comprometa seu trabalho? 

No caso do Tiago Leifert em seu “Central da Copa”, na Globo, só faltam as vuvuzelas. O programa prova que seu talento se encaixa bem melhor no entretenimento, comandando os “BBBs” da vida. Não no jornalismo.

O texto choroso que escreveu para o Neymar na noite do jogo entre Brasil e Costa Rica, passando a mão na cabeça do craque e justificando seu comportamento, nem a assessoria de imprensa do jogador faria melhor.

“Um cara que ainda não tem nem 30 anos e carrega o maior peso do esporte mundial…”, destacou, como se Neymar fosse um novato e não tivesse idade para estar preparado já em sua segunda Copa como protagonista. E como se a pressão não fosse comum para atletas de alto nível.

Aliás, talvez este seja o problema que atrapalha o jogador: o excesso de mimo – e parte da imprensa tem culpa. Em seu texto e na frase que destaquei, Leifert parece não tratar de um adulto, mas de um adolescente de vinte e tantos anos! Assim, vemos um Neymar aparentemente sem a estrutura emocional necessária para suportar a pressão de ser “o cara” da seleção brasileira. Alguém que não tolera críticas e seu staff as rebate de forma indignada, que se revolta dando socos na bola quando a arbitragem não lhe agrada e que (supostamente) cai em prantos após um gol e vitória contra a modesta Costa Rica.

Especialistas afirmam que crianças mimadas se transformam em adultos frágeis. Imaginem quando este tratamento se estende até a fase adulta…

 

Protesto – Voltando ao Tiago Leifert, meses atrás ele publicou um texto afirmando que política e futebol não devem se misturar. Imagino que tenha reprovado a forma como dois jogadores da Suíça comemoraram seus gols diante da Sérvia.  


Granit Xhaka e Xherdan Shaqiri fizeram o símbolo da águia de duas cabeças, presente na bandeira da Albânia. Ambos são de origem albano-kosovar, cujos pais migraram para a Suíça fugindo da guerra na ex-Iugoslávia e das perseguições sérvias contra as etnias albanesas. Além disso, Kosovo vive em conflito com a Sérvia em busca da independência.