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Exposição resgata importância sociocultural do Instituto São Vladimir

29/06/2018

O Museu de Arte Sacra de Santos (Rua Santa Joana D'Arc, 795, sopé do Morro São Bento) abre as portas neste sábado (30), às 15h, para o público conhecer a importância do Instituto São Vladimir, internato que funcionou ali mesmo – antigo Mosteiro de São Bento -, sob coordenação dos padres jesuítas para acolher os meninos refugiados russo-chineses (1958 – 1968), vindos da China, principalmente da região da Manchúria.

 

Na abertura da mostra, o ex-interno Vladimir Anatoliy Maleh, 67 anos, estará presente para conversar com a imprensa e o público e contar a história de luta e sobrevivência de sua família, que saiu da Rússia para China e depois para o Brasil, e as curiosidades sobre os dois anos em que viveu no internato.

 

No museu, a exposição seguirá até 29 de julho, gratuitamente, de terça a domingo, das 10h às 17h, com fotografias, depoimentos orais e textos, além da ambientação de uma capela ortodoxa, arquitetonicamente inspirada na que existia no interior do Mosteiro de São Bento, a qual os meninos russos frequentavam diariamente.

 

Cinco depoimentos foram coletados, sendo um do ex-diretor, três ex-alunos nascidos na Manchúria e um frequentador, que visitava eventualmente. Também foram obtidas 428 fotografias que retratam situações do cotidiano, como os momentos de lazer, refeições, apresentações e ensaios de danças e peças teatrais, celebrações do rito bizantino-eslavo e momentos de aprendizagem.

 

Russo-chineses

A origem do Instituto deveu-se ao fluxo migratório russo para o Brasil na década de 50, principalmente após a Revolução Chinesa de 1949 e a II Guerra Mundial. Dentre estes imigrantes estavam os "russo-chineses". São russos que imigraram para a região da Manchúria (China) devido à construção da Ferrovia Transiberiana e posteriormente à Revolução Bolchevique e, consequentemente, emigraram para outros países, dentre tais o Brasil. Muitos chegavam ao país e eram considerados sem cidadania. Sob tal perspectiva, as famílias russas deparavam-se com o recomeço de uma nova vida, desprovidas de moradia e profissão, além de desconhecerem o idioma e os costumes. As dificuldades eram ainda mais graves para os refugiados que tinham filhos menores, pois não havia escolas que os atendessem. Frente a esta circunstância, o Vaticano enviou ao Brasil sacerdotes formados no Collegium Russicum para ampará-los.