TV em Transe

Eliminação e piadas

12/07/2018

E o sonho do hexacampeonato foi adiado. Em termos de cobertura televisiva, a transmissão da derrota da seleção brasileira para a Bélgica na Rede Globo foi similar aos fracassos anteriores que também resultaram na eliminação do Brasil.

Antes, euforia e sensacionalismo. Galvão Bueno chamando o Olodum em Salvador, e repórteres retratando a empolgação de torcedores, algo nulo do ponto de vista jornalístico.

Durante a partida, com o time comandado por Tite já sofrendo um gol nos minutos iniciais, o drama se arrastou até o final. “Haja coração”!

No pós-jogo, muitas explicações dos comentaristas Ronaldo e Casagrande, além de um discurso repetitivo do Galvão que já parece ensaiado para esta situação, dizendo que se trata apenas de um esporte, blá blá blá. Ah, e não poderia faltar choro, no caso da repórter Glenda Kozlowski, que acompanhou as mães do jogadores no estádio e se emocionou ao descrever a tristeza que presenciou. 

 

Diferencial – Desta vez, porém, houve um diferencial: não me lembro de outra Copa em que no Brasil houvesse um destaque tão grande para um jogador em relação aos demais. O tempo gasto nas emissoras da tevê para comentários sobre o Neymar é maior que o utilizados para falar de todos os outros atletas.

Ok, ele é o melhor do time, mas talvez até por conta da enorme expectativa gerada tenha sucumbido à pressão. No fim das contas o craque, por sua eterna mania de exagerar nas simulações de faltas, pênaltis e agressões, virou chacota mundial.  

Não podemos ignorar também o fato de Neymar sempre ter sido tratado por parte da mídia e no próprio meio do futebol com um zelo extremo, como se ainda não tivesse chegado à idade adulta. 

Dois exemplos: a entrevista do coordenador de seleções da CBF, Edu Gaspar, no dia seguinte à derrota: “Chega a dar pena, porque o que esse menino sofre não é fácil”, declarou. 

E um texto escrito e lido por Tadeu Schmidt no “Fantástico” domingo passado. O jornalista analisou a condição atual do craque brasileiro, mostrando memes mundo afora com pessoas se atirando para imitá-lo.

“Outros jogadores fazem e ninguém pega essa fama. Porque só o Neymar? Hove um tempo em que isso não incomodava, hoje não se tolera mais”, indagou. Como se a questão fosse pontual, não comportamental.

Pois continuam passando a mão na cabeça de um homem de 26 anos e ele é o maior prejudicado com isso.