Perimetral

Um pé como o primeiro passo no calado necessário para o Porto de Santos

14/07/2018

Ao longo da história e das civilizações, as formas de medidas foram se adequando, segundo alguns critérios e metodologias. Uma forma de medida, entretanto, tem sido utilizado ao logo dos séculos, e mesmo no presente momento, com toda a farta tecnologia, tal referencial de medida ainda continua sendo utilizada.

Estamos falando da unidade de medida denominada pé, que ainda se faz presente em alguns países anglo-saxões, como os Estados Unidos da América, Canadá e Reino Unido.

A medida de pé também é utilizada em larga escala nos ambientes náuticos e por acordos internacionais, para expressar a altitude de aviões e outros veículos aéreos.

Equivalente a 30,48 centímetros, da forma de medida métrica, o referencial denominado pé teria correlação com o tamanho do pé de um homem, e portanto, seria uma unidade de medida intrinsicamente ligada ao ser humano.

Mesmo havendo referências à medida de um pé, em tempos anteriores, alguns historiados apontam que o padrão de 30,48cm, seria o tamanho do pé do rei Henrique I da Inglaterra, que teria buscado transformar suas dimensões como padrão para os seus domínios.

Independentemente da origem e das mudanças de dimensões ao longo das civilizações, o fato é que atualmente é acatado por todas as nações, que a unidade de um pé é a equivalente aos cerca de 30 centímetros, em relação à forma métrica.

Pois foi exatamente esta medida, que foi anunciada nesta semana, pelo Presidente do Porto de Santos, como tendo sido conquistada no crescimento do calado de navegação em todo o seu canal aquaviário.

Quando se relembra que nos anos e meses anteriores, recebíamos repetidas informações sobre perdas de calado, a conquista de 30 centímetros, ou seja, de um pé na profundidade, pode até parecer pouco, porém é um primeiro passo muito importante para se conquista futuramente, a profundidade e quantidade de pés que o Porto de Santos realmente necessita para a sua competitividade.

Considerando que idealmente o Porto de Santos, para atender os navios mais modernos dentro de suas modalidades operacionais, necessita de cerca de 14,5 metros, equivalente a 47 pés no calado disponível, um pé conquistado deve ser avaliado como o início de uma caminhada desafiante, porém necessária.

Esta caminhada conjunta, em prol do Porto de Santos, deve contar com o apoio e incentivo de todos envolvidos em sua administração e operação.

Precisamos conquistar no mínimo mais dois pés e desta forma com o recebimento do primeiro pé, resta-nos continuar lutando para que a caminhada, dentro do ambiente aquaviário, permaneça como objetivo a ser alcançado.

Se devemos de forma justa elogiar o trabalho, que conquistou este primeiro pé, também devemos nos manter atentos e atuantes com a consciência de que avançamos, porém ainda não alcançamos o que o Porto de Santos efetivamente precisa.

Não podemos nos acomodar com os louros positivos, deste primeiro pé conquistado. A atenção para as conquistas envolvendo pés, também deve manter o envolvimento nos estudos e debates sobre o conceito de pé de piloto, que de forma simplista é a faixa de água livre, entre o fundo do canal de navegação e o ponto mais baixo da quilha dos navios.

Com tal faixa de água livre, garante-se que a embarcação não toque no fundo do canal durante suas manobras, em vista das movimentações da maré por exemplo.  

Os critérios para a definição desta faixa de água livre, são fundamentais para se apontar perdas ou ganhos nos calados permitidos para os navios que vierem operar no Porto de Santos.

Assim sendo este primeiro pé conquistado no calado, também deve ser utilizado, como o primeiro passo para se aprofundar os estudos e debates em relação às metodologias de definições das dimensões do pé de piloto, que sejam adequadas a portos abrigados e estuarinos, como é o caso do Porto de Santos, que vivenciam condições de segurança melhores do que aqueles implantados em regiões off-shore. Um pé conquistado, alguns pés ainda na caminhada. Caminhemos juntos.