Coluna Dois

Santos retoma a temporada com problemas graves dentro e fora do campo

21/07/2018

A torcida do Santos entoou o coro de “burro, burro” várias vezes para o treinador Jair Ventura nesta quinta-feira no Pacaembu.

 

Voz do povo. Será mesmo a voz de Deus?

 

O Santos enfrentava um adversário claramente mais qualificado no setor vital de uma equipe de futebol: o meio campo. E enfrentava de igual para igual. 

 

Numa análise mais superficial, o treinador parecia mesmo perdido. Como entrar em campo com quatro atacantes contra um adversário tecnicamente superior?

 

Só que é preciso reconhecer, antes de gritar “burro, burro”, que Jair Ventura já tinha usado a mesma estratégia contra o mesmo Palmeiras no segundo jogo da semifinal do Paulista. E naquela ocasião o Peixe ganhou o jogo por 2 x 1, perdendo depois a vaga para a final na disputa por pênaltis. Ou seja, uma vitória e um empate com esse tipo de escalação.

 

A deficiência de jogadores para o meio campo nesta temporada tem nível de drama no Santos. A favor do treinador, diga-se que ele deu oportunidade para todos do elenco e que lançou com habilidade Diego Pituca, ontem ausente por suspensão.

 

Se houver justiça, só vai haver condições de avaliar o trabalho de Jair Ventura a partir da entrada no time de dois reforços de qualidade contratados para esse setor: Bryan Ruiz e Carlos Sanchez. Uma possível estabilidade, então, vai permitir o lançamento de alguns meio-campistas promissores da base como Lucas Lourenço, Guilherme Nunes, Fernando Medeiros e Gabriel Calabrês. 

 

Se o costarriquenho Ruiz e o uruguaio Sanchez chegarem em boas condições, o time do Santos deve melhorar muito de rendimento e se tornar competitivo na Libertadores, na Copa do Brasil e no próprio Brasileiro, onde anda flertando com a zona do rebaixamento.

 

Na quinta-feira, o que se viu no Pacaembu foi um time buscando superar as deficiências e limitações com muita luta e entrega. Nesse ponto, merecem registro especial: 

 

O volante Alison. Tem sido um leão em campo.

 

A torcida do Peixe em São Paulo. Compareceu novamente em grande número ao estádio (mais de 26 mil torcedores). Empurrou a equipe para a reação. Mesmo insatisfeita com o treinador, mesmo em desvantagem no placar, não deixou em nenhum momento de incentivar os jogadores.

 

Impeachment

Fora de campo, politicamente, o Santos está sangrando. O presidente Peres não mostra a grandeza, a competência e o respeito ao estatuto do clube que os associados esperavam dele. Os dois pedidos de impeachment de Peres, entretanto, têm muito mais cheiro de interesses mesquinhos contrariados (cargos remunerados, comissões em negociações) do que de vontade de ajudar o Santos. Num deles dá para perceber as digitais de um empresário que se fartou de trazer negócios desastrosos para o Peixe na gestão anterior, de Modesto Roma, e que perdeu espaço neste ano.