Comportamento

Apontar o dedo é fácil…

28/07/2018

Uma pesquisa coordenada pelo psicólogo norte-americano John Gottman, confirmou o que já se desconfiava: o ato de criticar é um dos principais motivos de separação conjugal. Após ouvir 3 mil casais, ele identificou que essa foi uma das razões para a separação de 90% dos relacionamentos. No entanto, as críticas não estão presentes apenas nos casamentos, namoros e noivados, mas em todos os relacionamentos afetivos — familiares ou de amizade.

Segundo as terapeutas Denise Miranda de Figueiredo e Marina Simas de Lima, as críticas podem abrir caminho para outros problemas, principalmente quando elas são constantes. “Criticar pode fazer com que o outro se sinta agredido, rejeitado e magoado. Além disso, tende a virar um padrão de comportamento que irá se tornar tóxico para a relação com o passar do tempo”.

Marina Simas de Lima explica que as pessoas têm mais dificuldade para elogiar e mais facilidade para criticar. “É como se fôssemos treinados para olhar mais para as faltas do que para as conquistas”, diz.

Ela exemplifica com os conflitos em um casal. “Criticam desde coisas simples do dia a dia, como gosto por roupas e escolha pelos programas de lazer, até questões mais complexas, como a relação que estabelecem com as famílias de origem”, explica.

Origem das críticas

Segundo a terapeuta Denise Miranda de Figueiredo, muitas vezes as pessoas criticam sem se dar conta que estão criticando: acaba virando um comportamento quase que automático e nem sempre com o objetivo de magoar ou atacar o outro.

“A crítica pode ser um padrão aprendido na família. Em muitos casos, está ligada a valores e crenças pessoais. Os seres humanos tendem a apontar para aquilo que lhes falta, esquecendo de agradecer pelo que já se têm, ou seja, ver o lado bom da vida, apesar das situações desafiadoras cotidianas”, diz Marina.

A maioria das pessoas não sabe usar a crítica para melhorar a relação. Apenas apontar os defeitos, de forma constante, compromete a sobrevivência de uma relação saudável. “Quem critica enfraquece o poder de realização do outro, impedindo sua colaboração, seu desenvolvimento e afeta a harmonia do relacionamento”, diz Marina.

Domestique as Críticas

1. Mude o hábito- Muitas vezes, criticar é um hábito, um ato automático. Feita por impulso, ela não tem capacidade construtiva e só vai aborrecer o outro. A melhor estratégia é silenciar no momento, deixar o ânimo esfriar e depois, com tranquilidade, conversar sobre o assunto que motivou o desagrado.

2. Herança familiar- O hábito de criticar pode ser uma rotina transmitida de pai para filho, tão natural que quem a pratica não percebe. Portanto, ter consciência disso já é um ponto de partida para mudar esta situação.

3. Aceitar- Cada pessoa é única, tem seus próprios valores, crenças e individualidade. Assim, é preciso aceitar as diferenças no jeito de pensar, falar, se vestir… Ou seja, aceitar o outro como ele é.

4.Assuma a responsabilidade- Num casamento, no namoro, na família ou no círculo de amizade, o sucesso da relação é responsabilidade de ambos, num constante jogo de concessões e exercício de tolerância. Neste contexto, o diálogo sincero é essencial.

5. Perdoe- Algumas pessoas tendem a guardar mágoas e nutri-las dentro de si. Num momento agudo, os ressentimentos vêm à nota, e as críticas são disparadas —em tom agressivo e, em casos extremos, com ofensas. Assim, é preciso praticar o perdão — de fato, não apenas aparente. É fundamental conversar e resolver os conflitos, deixar claro questões mal explicadas, desfazer um mal entendido. Por mais difícil que possa parecer, sempre é possível negociar e chegar a um acordo. Afinal, há muito mais coisas que os unem do que os afastam.

6. Elogie e agradeça- Preste mais atenção nas ações positivas do que nas negativas. Todos gostam de reconhecimento e cordialidade. Além disso, enaltecer as qualidades acaba fortalecendo o poder construtivo das críticas, quando elas precisam ser feitas, sempre com o objetivo de ajudar o outro a ser uma pessoa melhor.