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Resenha da semana: O Protetor 2

18/08/2018

Denzel Washington consegue elevar o padrão de qualquer filme que atua, seja pelo seu inegável talento ou por seu carisma. Com duas estatuetas do Oscar na bagagem e mais seis indicações no currículo, uma vez ou outra ele escolhe projetos de ação por puro escapismo e foi assim com o longa de ação de 2014, O Protetor. Reunindo-se com o diretor Antoine Fuqua, que o comandou no sucesso Dia de Treinamento, Denzel criou um personagem enigmático e letal onde, após quatro anos, se reúnem novamente seguindo a fórmula do original: sequências de ação violentas com uma narrativa morosa e cheia de mensagens positivas e de defesa aos mais necessitados mas que cai na contradição punindo sem dó nem piedade, fazendo jus ao ditado "bandido bom é bandido morto".

 

No longa, Robert McCall (Denzel Washington) agora trabalha como motorista, ajudando pessoas que enfrentam dificuldades decorrentes de injustiças. Quando sua amiga Susan Plummer (Melissa Leo) é morta durante a investigação de um assassinato na Bélgica, ele decide sair do anonimato e encontrar seu antigo parceiro, Dave (Pedro Pascal), no intuito de encontrar pistas sobre o autor do crime. O diretor Antoine Fuqua tem um domínio interessante de câmera assim como talento para as cenas de ação, como a luta no carro em movimento e o incrível clímax na tempestade no final do filme, que é muito bem orquestrado. O diretor consegue trazer substância a todo material que trabalha, independente da qualidade do texto, e cria eficientes momentos de tensão, como a cena do esconderijo no apartamento, mesmo quando não há pancadaria. O roteiro, escrito pelo mediano Richard Wenk, tem alguns pontos interessantes, onde aborda o relacionamento de mentor entre o personagem principal com um garoto, diálogos bem escritos e as maneiras com que os casos de pessoas necessitadas chegam ao protagonista. Por outro lado, senti que estava vendo uma série sem conexão de pequenos episódios, reviravoltas um tanto quanto previsíveis e com um vilão fraco e sem aprofundamento que tira o senso de urgência e tensão, diferente do vilão do longa original. A história demora um pouco a engrenar e o filme é mais dramático e sentimental do que normalmente são os filmes de ação.

 

Gosto sempre de falar da parte técnica de um filme e O Protetor 2 conta com a bela fotografia de Oliver Wood, que em nenhum momento se torna confusa em suas cenas de ação, no trabalho de edição de som primoroso e na montagem, que mesmo com um roteiro inchado, consegue dar um bom ritmo ao filme.

 

Mas é inegável que o que realmente eleva O Protetor 2 de diversos outros exemplares de filmes de ação, é o  talento de Denzel Washington. O ator age com naturalidade, compondo seu personagem como um homem controlado emocionalmente mas que esconde um trauma dentro de si, mas que jamais interfere na frieza de suas decisões e na rapidez com que as toma. Talvez isso seja um dos pontos fracos do filme, não pela atuação de Denzel, mas pelo filme em momento nenhum nos apresentar adversários a sua altura, que faz com que o público nunca sinta que ele está realmente em risco.

 

O Protetor 2 é um filme de ação eficiente mas decepciona ao avançar pouco na mitologia de seu protagonista e ao investir em uma trama por muitas vezes cansativa que não apresenta nada de novo ao gênero. Mas tem Denzel Washington, o que já vale seu ingresso.

 

Curiosidades: Sequência do filme O Protetor, de 2014, com o mesmo diretor Antoine Fuqua.

 

 

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