Coluna Dois

Santos vota o impeachment do presidente neste sábado

29/09/2018

Depois de um período de bons resultados e de evolução dentro de campo, o Santos teve uma queda nos últimos 10 dias. Nos jogos contra São Paulo, na Vila, Cruzeiro, em Minas, e Vasco, no Pacaembu, uma derrota e dois empates. Só dois pontinhos conquistados dos nove disputados. O foco volta a ser a luta contra o rebaixamento. O sonho de lutar pela Libertadores-2019 vai se esfumaçando. Outra preocupação passa a ser a queda de rendimento da equipe a partir da metade do segundo tempo, denominador comum nesses três jogos.

Fora de campo, o ambiente no Peixe continua turbulento. Os sócios votam pelo impedimento ou não do presidente José Carlos Peres neste sábado (29).

A discussão ferve. A impressão que os argumentos utilizados pelos dois lados na discussão passam é a de que o clube, fragmentado em múltiplas facções políticas, está, neste momento, ingovernável.

Vamos tentar aqui ajudar  a leitora e o leitor do Jornal da Orla a entender essa situação complexa.

Para isso, vamos usar como referência um manifesto que 9 Embaixadas do Peixe espalhadas pelo Brasil publicaram oficialmente nesta semana.  Embaixada do Peixe é uma  instituição prevista no Estatuto Social do Santos. São grupos de sócios que se organizam em outras cidades. Nove delas, uma já consolidada e outras 8 provisórias, em formação, elaboraram um documento relativo ao impeachment que tem, talvez, a análise melhor fundamentada e o diagnóstico mais claro feitos nesse período turbulento que precede a Assembleia Geral deste sábado (29).

As embaixadas pedem respeito ao mandato de Peres e rejeitam o impeachment.

Por quê?
Porque percebem que uma boa parte dos apoiadores do impedimento do atual presidente é constituída de “gente que se acostumou a viver do clube”. Ou seja: tocam no ponto central da questão. Querem ver o Santos “livre de interesses provincianos, miúdos ou políticos”.

Para quem acompanha o Santos de perto, isso que os sócios das embaixadas denunciam é muito claro. Grupos que perderam espaço no clube com a derrota na última eleição tentam recuperar cargos remunerados e participação em negócios que rendem “comissões”. A grandeza do Santos exige profissionais competentes e não apaniguados na gestão de departamentos como, por exemplo, Futebol e Marketing.

As embaixadas pedem ainda – e o pedido é justíssimo – que seja adotado no Santos o voto à distância, que permitiria participação isonômica dos associados nas questões importantes do clube.

A encruzilhada do Santos é clara. A Baixada Santista tem cerca de 1 milhão e 800 mil habitantes. Só na Grande São Paulo, o Peixe tem mais de 3 milhões de torcedores. Não pode, portanto, ignorar a vontade dos torcedores de outras cidades. As 9 embaixadas representam mais de 3 mil sócios, de 240 cidades, em 6 estados diferentes do Brasil. E não aceitam mais – com toda a razão – que o clube seja administrado por um grupo de “senhores que se comportam como donatários e curadores supremos do clube” e o pior: movidos por interesses absolutamente mesquinhos.