Filiado a um partido minúsculo e com apenas 8 segundos no horário eleitoral gratuito, a ida de Jair Bolsonaro para o segundo turno é a consolidação do que 10 entre 10 analistas políticos consideravam impossível, um ano atrás. Então, o que explica esta liderança do candidato, a ponto de seus militantes mais entusiasmos acreditarem até mesmo numa vitória já no primeiro turno?
Assim como um desastre aéreo, a ascensão de Bolsonaro não é devida a uma única causa, mas uma conjunção de fatores. O ex-capitão do Exército e parlamentar há 27 anos conquistou os desalentados: pessoas desiludidas com a classe política, que querem o fim da corrupção, estão com medo da violência, sofrem com a crise econômica…
Além disso, e provavelmente o mais importante, Bolsonaro conseguiu personificar o sentimento anti-Lula e anti-PT.
Pauta moral
Os eleitores de Bolsonaro demonstraram estar menos preocupados em debater propostas de economia, saúde pública, educação ou segurança pública e mais temas ligados à ordem moral, como ‘kit gay’ e ‘doutrinação nas escolas com viés ideológico’.
Também relativizam suas declarações polêmicas sobre negros, quilombolas, nordestinos e homossexuais — que lhe renderam diversos processos na Justiça.
Fogo amigo
As incongruências nas declarações do seu guru econômico Paulo Guedes (o “Posto Ipiranga), e de seu vice, General Mourão, não reduziram a simpatia pelo candidato. Volta da CPMF, aumentar imposto dos mais pobres, criticar o 13º salário e o adicional de férias… nada disso foi capaz de reduzir as intenções de voto.
As manifestações do #Elenão, em repúdio às declarações machistas de Bolsonaro, surtiram o efeito contrário: o candidato acabou aumentando sua preferência entre as mulheres que veem exagero nas manifestações feministas.
Atentado
E, para completar a tempestade perfeita, o atentado a faca, que o tirou de circulação e impediu-o de proferir mais declarações polêmicas.
Enfim, o eleitor típico de Bolsonaro é o brasileiro desiludido com a classe política e vê o candidato como o Salvador da Pátria.
