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Skaf, bolsonaristas e tucanos caminham para Márcio França e isolam João Doria

13/10/2018

O bate-boca com o ex-governador Geraldo Alckmin, na reunião do PSDB em Brasília, na terça-feira (9), foi a gota d´água para que tucanos de alta plumagem começassem a abandonar a candidatura ao governo do Estado do ex-prefeito de São Paulo, João Doria. Durante a reunião, Alckmin deixou claro seu pensamento sobre seu afilhado político: é um traidor. Doria ainda tentou contemporizar, pedindo palmas para o ex-governador, mas Alckmin fez sinal de que não. 

 

Diversos apoios

Foto: Lucio Bernardo Jr/Agência Câmara

França já havia obtido a­po­i­os do candidato Paulo Skaf (MDB), terceiro colocado na disputa; do Major Olímpio (acima), bra­ço direito de Bolsonaro em São Paulo, e senador eleito com mais de nove milhões de votos; e do deputado federal Abou Anni, eleito pelo partido de Bolsonaro. Na quinta-feira (11) foi a vez de o candidato Major Costa e Silva, da Democracia Cristã (5º colocado na disputa pelo governo do Estado), outro aliado de Bolsonaro, anunciar apoio a França.

Antes do primeiro turno, Major Olímpio chegou a declarar, nas redes sociais: “Quem vota em Bolsonaro não vota em Doria, não vota no PSDB em nenhuma circunstância”.

 

Racha no ninho
Outro grande problema para Doria, além do isolamento político, é a briga interna no PSDB. O rompimento com seu padrinho político teve início quando Doria tentou se aliar a Jair Bolsonaro, pregando, por baixo dos panos, o voto Bolsodoria. No começo da semana, já com o resultado da eleição, o rompimento entre eles ficou claro.

Diante do que chamam de traição de Doria, tucanos de alta plumagem preparam um manifesto de adesão à candidatura do governador Márcio França, que foi vice de Alckmin e tenta a reeleição. Participam do movimento ex-governadores, deputados, prefeitos e lideranças do partido.

 

Doria ataca Skaf e Márcio
Cada vez mais isolado no meio político, João Doria reagiu com ataques a Paulo Skaf e a Márcio França: “O Paulo Skaf já vestiu a camisa vermelha do Márcio França e já incorporou o discurso do Márcio França”. Ele garantiu que não pretende deixar o partido e reafirmou seu apoio a Jair Bolsonaro. Doria também deixou claro que vai tentar reverter o apoio de Major Olímpio a seu adversário.

Cada vez mais isolado e perdendo apoios entre políticos de centro e de direita, Doria vai insistir no discurso de que seu adversário é esquerdista e um “genérico do PT”.

Na quinta-feira (11), a artista plástica Bia Doria saiu em defesa do marido: “Traidor é o Alckmin, que fez campanha para o Márcio França”.

Para não dizer que está totalmente só, Doria conseguiu na quinta-feira (11) o apoio do PRTB de Levy Fidelix —aquele do Aerotrem, que não conseguiu se eleger deputado.

 

“Ingrato”, diz Edmur Mesquita

 

Um dos coordenadores da campanha de Márcio França, o ex-deputado Edmur Mesquita afirma que a ingratidão e a deslealdade têm sido uma marca de João Doria. 

“ O que ele fala não faz sentido. É puro desespero de quem percebe estar sem discurso e perdendo apoios a cada dia. O Márcio França foi um dos coordenadores da campanha do João Doria à Prefeitura de São Paulo, justamente contra o Fernando Haddad. Mas o Doria preferiu trair a confiança do povo de São Paulo, abandonando a Prefeitura, e dos amigos que o apoiaram. Sem dúvida, é um ingrato”, conclui Mesquita.

Durante a semana, João Doria e Marcio trocaram farpas pesadas. Pelo andar da carruagem, a temperatura deve esquentar nos próximos dias. Melhor tirar as crianças da sala.