Simplesmente sensacional a entrevista-performance do humorista Marcelo Adnet no “Conversa com Bial”, da Globo, semana passada.
Ele deu um show imitando os candidatos a presidente – da mesma forma que fez em vídeos hilários disponíveis na internet: Ciro, Haddad, Bolsonaro, Alckmin, Marina, Daciolo e Meirelles.
Durante a entrevista, Adnet revelou que o aconselharam a não fazer os vídeos para o site do jornal “O Globo” encarnando os presidenciáveis. Sua empresária, por exemplo, foi contra.
“Aceitei porque acho que a gente tem que participar do debate. O humor faz parte disso", explicou.
“Rola um terrorismo diário… Hoje o comediante não pode atuar com tranquilidade, trabalha com medo. Porque ele é xingado, ameaçado. É um clima muito ruim para a democracia", disse ele, que foi alvo de fake news e recebeu ameaças nas redes sociais da parte dos eleitores de um determinado candidato.
Medo – Aliás, a disseminação do medo talvez seja o principal ingrediente da atual campanha eleitoral. Mentiras, ameaças, agressões… Não há limites nesse vale-tudo em que os fins justificam os meios.
Ignorância – Neste caldeirão indigesto, ignorância e intolerância também se fazem presentes, como ficou claro com a repercussão que os shows de Roger Waters em São Paulo ganharam na mídia.
Ignorância daqueles que pagaram ingresso e se surpreenderam negativamente com as manifestações anti fascismo do ex-Pink Floyd (e críticas ao candidato Jair Bolsonaro), mostrando que pouco sabem sobre a carreira do artista e pouco entendem sobre o conteúdo de suas músicas. E intolerância pela reação destemperada e descabida – principalmente nas redes sociais.
Em entrevista ao “Fantástico”, Waters reiterou sua posição e destacou que a luta não deveria ser entre as pessoas, mas contra os poderosos: “Eles são os inimigos, eles são quem deveríamos lutar contra, não entre nós. Isso é o que eles, os poderosos, querem. Que lutemos entre nós, porque enquanto lutamos entre nós, não focamos no nosso verdadeiro problema”.
