TV em Transe

Hora de aposentar

15/11/2018

Tomou uma proporção enorme a “brincadeira” ofensiva e indelicada que Silvio Santos fez com a cantora Cláudia Leitte durante o Teleton no domingo passado.

 

Se você não sabe, o apresentador disse que ela o excitava, por conta de seu vestido justo, e que por isso recusou um abraço dela. A cantora tentou contornar, falando “sei, você quis dizer excitado de euforia, de entusiasmo, né?”. Mas ele retrucou: “Não, excitado é de excitado mesmo”.

 

Cláudia Leitte ficou visivelmente constrangida e, no dia seguinte, postou um desabafo em uma rede social criticando o comportamento do apresentador e lembrando o quanto é comum este tipo de situação no dia-a-dia da mulher no Brasil. Aí a bomba estourou de vez.

 

Há tempos o dono do SBT tem avançado o sinal. Tanto que, segundo o jornalista Ricardo Feltrin, do UOL, suas filhas estavam receosas de que ele soltasse alguma bobagem no comando do Teleton – hoje em dia a única transmissão ao vivo que Silvio faz, todos os seus programas são gravados. E não deu outra.

 

Aos 88 anos, SS parece viver aquela fase do “estou velho e falo o que der na telha”. Aí solta seus absurdos em rede nacional sem pensar duas vezes.

 

E olha que essa não foi a primeira vez que ele distribuiu comentários grosseiros no Teleton – uma iniciativa extremamente louvável da emissora em arrecadar fundos para a AACD. 

 

Dois anos atrás, Anitta sofreu algo muito parecido com o ocorrido no caso Cláudia Leitte. “Não vou dançar com você. Quando danço, fico muito excitado”, disse o apresentador.

 

Quando recebeu o elenco da novela “Chiquititas”, após a atriz mirim Julia Oliver, de pele negra, revelar o desejo de ser cantora, ele disparou: “Mas com esse cabelo?”.

 

“Você é graciosa, embora seja a única negra entre as brancas, mas é bonita”, afirmou diante de uma dançarina. 

 

Citei apenas passagens do Teleton, até porque em seu programa dominical, as grosserias do animador viraram algo comum. A figura de Silvio Santos está no imaginário de várias gerações no país, incluindo a minha. Mas o fato de ser o maior comunicador da história da tevê brasileira, já beirando os 90 anos, não o torna imune.