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Ginecomastia medicamentosa

03/11/2018

A promoção da saúde masculina, principalmente no novembro azul, é focada no câncer da próstata. Estima-se que 6% das mortes masculinas sejam motivadas por essa doença, que acomete, em maior incidência, homens com mais de 65 anos. Mas existem outros problemas e que são pouco estudados e divulgados, como a ginecomastia masculina.

 

Ginecomastia caracteriza-se pelo crescimento transitório ou definitivo da estrutura glandular e muscular das mamas. Sim, os homens têm estrutura mamária, porém não está desenvolvida pela falta dos hormônios femininos, responsáveis por sua maturação. Ainda que raro, os homens também podem apresentar câncer de mama, como as mulheres. Os homens obesos podem apresentar aumento da mama, porém apenas devido terem mais tecido adiposo, o que não configura nenhum problema, que não o estético.

 

Apesar de não existirem estudos epidemiológicos, a ginecomastia está presente entre 5% e 9% no corpo de homens autopsiados. O maior número de casos de ginecomastia masculina é de caráter benigno. A busca por auxílio médico se dá mais por questões estéticas do que devido a um comprometimento patológico. A principal causa da doença é o distúrbio hormonal, muito comum em adolescentes e idosos.

 

Outra causa possível é o uso de determinados medicamentos que causam ginecomastia como reação adversa. Recente estudo americano apontou a ginecomastia como a causa mais comum de internação por reação adversa aos medicamentos em adolescentes. A risperidona (medicamento antipsicótico) provocou a ginecomastia em cerca de 650 jovens no período de um ano, naquele país. A risperidona e outros antipsicóticos podem causar aumento de prolactina, hormônio que aumenta a produção de leite e que se está inibido em homens e mulheres longe do parto. O aumento da prolactina seria a causa da ginecomastia.

 

Além do aumento da prolactina, outros medicamentos causam a ginecomastia pela ação antiandrogênica, inibindo o efeito do hormônio masculino testosterona. Também é possível que alguns fármacos apresentem efeito estrogênico, tipicamente feminino. Alguns medicamentos diuréticos, usados como anti-hipertensivos, podem causar ginecomastia. É o caso da espironolactona, com reação ocorrendo em mais de 10% de seus usuários. 

 

Mas além de outros anti-hipertensivos, como anlodipino ou enalapril, várias classes farmacêuticas podem causar esse problema. Medicamentos tão diversos quanto antimicóticos (cetoconazol) ou protetores gástricos, tanto do tipo de omeprazol quanto da cimetidina. Também compõe essa lista antiodepressivos, isoniazida (antituberculose) etc.

 

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe sua dúvida para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail [email protected] ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.

 

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.