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Antibioticoterapia

17/11/2018

O uso de antibióticos continua sendo uma preocupação mundial. O uso é demasiado e inadequado e isso promove a geração das chamadas “superbactérias”, as quais são resistentes a todos os antibióticos conhecidos. A semana de 12 a 18 de novembro é a Semana Mundial de Uso Consciente de Antibióticos. Segundo a OMS, promotora da semana, “A mudança não pode esperar. Nosso tempo com antibióticos está se esgotando”.

 

A resistência aos antibióticos surge devido a extrema capacidade de mutação das bactérias. As mutações surgem para garantir a sobrevivência. Os seres humanos também sofreram mutações ao longo dos 200.000 anos de sua existência. Essas mutações nos trouxeram mudanças na cor da pele, no tamanho do corpo, no formato dos olhos, e permitiu melhor adaptação aos diversos meios. Mas enquanto uma geração de humanos demora cerca de 20 anos para surgir, uma nova geração de bactérias aparece em horas. 

 

O uso dos antibióticos de forma inadequada tem forçado essa sobrevivência das bactérias. Algumas doenças mais recorrentes já têm bactérias resistentes. É o caso da pneumonia, tuberculose, gonorreia e salmonelose. Estudo no Distrito Federal, em 2015, demonstrou que que mais de 50% das bactérias encontradas em infecções graves já eram resistentes ao menos a um tipo de antibióticos. Por outro lado, alguns tipos específicos de bactérias eram resistentes ao antibiótico em 80% das amostras. Dados constatados em UTI.

 

A OMS apresenta cinco objetivos para atingir em escala mundial. Melhorar a educação profissional; fazer o uso dos antibióticos baseando em dados científicos e não de forma aleatória; reduzir os riscos de infecções, melhorando as condições sanitárias; otimizar o uso de antibióticos na saúde humana e animal; e desenvolver novos antibióticos.

 

Nesse mundo globalizado, a resistência bacteriana não é um problema local. Talvez, em um primeiro momento, o reflexo seja mais duro para uma determinada profissão, porém com o movimento migratório e comercial, as bactérias irão atingir todos os cantos do planeta. Do mesmo modo, as bactérias mais resistentes estão mais presentes em ambientes hospitalares, mas elas podem migrar para a comunidade e então…

 

Dois pontos são importantes a ser destacados. Primeiro, os profissionais da saúde precisam receber uma formação mais profunda, pois parte do problema está aí. Segundo, o uso de antibióticos em animais precisa ser melhor definido. E o problema não está nos animais domésticos, mas na produção de proteína animal, seja de origem bovina ou suína, das aves ou dos peixes. É preciso uso razoável e controlado dos antibióticos. A humanidade agradece.

 

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe sua dúvida para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail [email protected] ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.

 

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática