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Lutar contra a Aids é salvar talentos

01/12/2018

Se os avanços da ciência no combate à Aids tivessem sido obtidos antes, Freddie Mercury, Cazuza e tantas outras pessoas estariam vivas hoje — o vírus HIV causou, até agora, mais de 35 milhões de mortes no planeta. Foram progressos obtidos a um alto custo financeiro e de vidas, mas que atualmente permitem comemorar a preservação de muitas outras —e, o que é muito importante, com qualidade.

 

No entanto, ao mesmo tempo em que há motivos para se comemorar os 30 anos do Dia Mundial de Luta contra a Aids neste sábado (1º), há também razões para se preocupar e não recuar no combate à doença. 

 

No Brasil, desde 2007 a detecção de casos da doença caiu cerca de 9% no Brasil. Já as taxas de mortalidade (considerando o número de mortes a cada 100 mil habitantes) apresentaram queda de 14,8% entre 2007 e 2017. 

 

O que parece não ter diminuído é o preconceito que os portadores do vírus HIV sofrem. Há ainda quem pense que “se a pessoa não se cuidou, o problema é dela”, ignorando as várias formas de contágio. 

 

Além de combater a ignorância, outros grandes desafios das autoridades de saúde são conscientizar a população quanto à importância da prevenção e identificar pessoas que desconhecem serem soropositivas.

 

Números continuam alarmantes

Segundo o Ministério de Saúde, em 2017 estimava-se em 866 mil pessoas vivendo com HIV no Brasil, das quais 559 mil são homens e 307 mil são mulheres. Desse total, 84% (731 mil) já estavam diagnosticadas e 75% (548 mil) em tratamento antirretroviral.

 

O recente relatório mostra que 73% das novas infecções ocorreram entre no sexo masculino, sendo que 70% dos casos entre homens estão na faixa de 15 a 39 anos. Por outro lado, aponta redução de 43% entre 2007 e 2017 na transmissão vertical do HIV, quando o bebê é infectado durante a gestação. Isso é creditado ao aumento da testagem na Rege Cegonha, que contribuiu para a identificação de novos casos em gestantes.

 

Incertezas quanto ao futuro

Especialistas e entidades que lutam contra a Aids estão preocupadas com a continuidades das políticas públicas no próximo governo, devido a várias declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e do futuro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O temor é a interrupção nas campanhas de conscientização ou mesmo a redução de investimentos para realização de testes e fornecimento de medicamentos.

 

150 mil brasileiros têm o HIV e não sabem

A infectologista Ligia Piertti, do Lavoisier Laboratório e Imagem, lembra que, embora ainda sem cura, a doença pode ser tratada com as medicações disponíveis, conhecidas como coquetéis, daí a importância de ser diagnosticada a tempo, já que a detecção do vírus impacta no início precoce do tratamento. “O Ministério da Saúde estima que 150 mil brasileiros vivam com o HIV/Aids sem saber e, em muitas situações, o diagnóstico é feito quando o indivíduo já apresenta sinais de comprometimento da sua imunidade, numa fase mais adiantada. Por isso, indicamos a realização do teste para todas as pessoas sexualmente ativas ou que apresentem outros riscos de aquisição do vírus”, recomenda a médica.

 

Ela explica que o teste rápido um método eficaz e simples para o diagnóstico de HIV, possibilitando o maior acesso e adesão dos usuários. “O teste é feito com uma gota de sangue por meio de uma picada no dedo do paciente, a exemplo dos testes de glicemia, com resultado em até uma hora após a coleta. Em casos positivos, deve-se fazer o exame de sangue convencional para confirmar a presença do HIV e a sua quantidade. Isso é importante para o início do tratamento antirretroviral”. Segundo a infectologista, “é sempre bom reforçar que beijos de língua, abraços ou contatos com a pele da pessoa vivendo com HIV/Aids não transmitem o vírus”.

 

Novos métodos de detecção do vírus

Como a detecção do vírus impacta no início precoce do tratamento, o Ministério da Saúde anunciou que a partir de janeiro também haverá na rede pública a oferta do autoteste de HIV para populações-chave e pessoas/parceiros em uso de medicamento de pré-exposição ao vírus. 

 

O autoteste de HIV já é vendido nas farmácias privadas do país, mas os resultados não podem ser utilizados para o diagnóstico definitivo. Em caso de resultado positivo, o usuário é orientado a buscar o serviço de saúde para testes complementares. 

 

Doenças destrói sistema imunológico

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) é uma doença provocada pelo vírus HIV, que ataca o sistema imunológico e deixa o corpo suscetível a diversos tipos de infecções. O vírus é transmitido geralmente por contato sexual desprotegido com pessoa contaminada, mas pode ser também por transfusão sanguínea e compartilhamento de objetos perfurocortantes. 

 

HIV é o vírus e Aids é a doença provocada pela ação deste vírus no organismo. Nem todas as pessoas que têm HIV vão, necessariamente, desenvolver Aids ao longo da vida. Cercada de preconceitos, sabe-se hoje que a doença não faz distinção de qualquer natureza, seja sexual, de raça, gênero ou classe social.

 

GAPA realiza mutirão de testes

O Grupo de Apoio à Prevenção à Aids da Baixada Santista (Gapa/BS) realiza neste sábado (1º) um mutirão de testes de HIV por fluído oral (saliva). O atendimento é gratuito, das 9 às 14h, na sede da organização (Avenida Epitácio Pessoa, 278, Embaré, em Santos). A ação acontece em parceria com o SAE (Serviço de Atendimento Especializado), da Prefeitura de Santos.