Comportamento

Fim do ano e da energia

08/12/2018

Com a chegada do fim do ano, ficam mais evidentes os sinais de que a bateria de energia vital das pessoas também se esgota. Cansaço, nervosismo, problemas com o sono, perda de concentração… são vários os sintomas de um problema que recebeu um termo estrangeiro, mas bastante familiar entre os brasileiros. O “burn out” atinge cerca de 30% da população economicamente ativa do país, segundo estimativa do International Stress Management Association (ISMA).

Burn out é diferente de estresse. É pior. Segundo a neuropsicóloga Thaís Quaranta, a síndrome é resultado de um estresse prolongado e não gerenciado. “O estresse é uma resposta natural do organismo e todos passamos por ele, em várias situações do dia a dia. No burn out, a pessoa chega num ponto em que não consegue mais acessar seus recursos internos para lidar com as situações. Não possui mais energia para se relacionar ou lidar com ou outros. Pode até evitar atender telefonemas e se esquivar das interações sociais”, explica a neuropsicóloga.

Essa “insensibilidade” é chamada de despersonalização e é a principal pista de que o estresse pode ter evoluído para o burn out. “O esgotamento físico e emocional acaba levando a pessoa a construir barreiras para evitar os contatos sociais. Ela também pode apresentar mais rigidez nos comportamentos, assim como ironia e cinismo”, comenta Thaís.

Identifique a origem

O primeiro passo para tratar a síndrome é identificar quais são as fontes do estresse, explica a neuropsicóloga Thaís Quaranta. O trabalho? A maternidade? O relacionamento? “Como vimos, atualmente o burn out não é uma condição somente ligada ao trabalho. Portanto, em primeiro lugar é preciso reconhecer a origem do estresse, seja ela qual for”, reforça Thaís.

A especialista explica que, normalmente, o burn out se desenvolve quando a situação é vista como uma ameaça e não como um meio para alcançar satisfação, reconhecimento ou felicidade. “Isso pode estar ligado ao trabalho, às pressões típicas da maternidade ou a qualquer outra grande responsabilidade”, explica.

O tratamento envolve psicoterapia e medicamentos, além do afastamento da fonte do estresse. 

 

Problemas e mais problemas
O burn out pode se manifestar de diferentes maneiras em cada pessoa. As mais comuns são o cansaço crônico e a repulsa a interações sociais, que acabam levando ao isolamento. Muitas pessoas também apresentam alterações no sono, no apetite, dores, queda da libido e da imunidade. “São condições muito parecidas com aquelas ligadas ao estresse crônico e à depressão, por exemplo”, ressalta Thaís.

O humor também pode variar bastante. Irritação, agressividade e impaciência são constantes. Outros sinais que indicam um esgotamento mental e emocional é o abuso de álcool, cigarro ou outras drogas. 


Queda da produtividade
O burn out está diretamente ligado à queda da produtividade no trabalho, assim como a faltas contínuas. “A falta de energia e o esgotamento mental tiram a motivação para desempenhar as atividades. Isso leva a sentimentos de inferioridade, afetando a autoestima e fazendo com que essas pessoas se sintam menos competentes”, cita a psicóloga.  

No entanto, ele não é motivado apenas por atividades do trabalho, mas às tensões do dia a dia de qualquer pessoa. Uma pesquisa publicada no Journal of Reproductive and Infant Psychology, mostrou que o burn out acontece em 20% de mães após a maternidade. O burn out também pode estar relacionado a relações conjugais ou familiares.

 

Como prevenir o burn out

1. Pratique o autoconhecimento: É fundamental identificar o que lhe faz bem e o que aumenta o estresse.
2. Trabalho é só trabalho: Quando o trabalho está levando ao esgotamento mental e emocional é preciso lembrar que é perfeitamente possível mudar de emprego. Se há mais sofrimento do que satisfação, é hora de procurar outra vaga, buscar mudar de setor na empresa
3. Gerencie o estresse: Ninguém está livre das tensões cotidianas. Assim, é essencial procurar maneiras de aliviar a ansiedade. Adote hábitos saudáveis (dormir bem, alimentação saudável) e tenha momentos de lazer. Reserve a si, todos os dias, um momento para algo prazeroso (dançar, ouvir música, ler, praticar um esporte, fazer um trabalho manual, caminhar, praticar um hobby).
4. Seja ouvido: Falar é terapêutico! Portanto, é importante ter uma pessoa de confiança (amigo, parceiro, familiar) ou um profissional, como um psicólogo, para desabafar, falar sobre os acontecimentos e situações que estão gerando o estresse. Se a tem dificuldade para falar, escreva.
5. Viva um papel por vez: Mãe, profissional, esposa. Pai, profissional, marido, filho, etc. Apesar de ser difícil lidar com todas estas atuações, procure viver plenamente cada um deles, pois um não exclui o outro, nos momentos adequados. Brinque com os filhos sem atender telefonemas do trabalho, trabalhe sem se preocupar como o que vai fazer no jantar. 
6. Seja gentil consigo: Pare de se criticar e se cobrar em excesso. Não paute suas atividades na busca da aprovação alheia. Faça o que está ao seu alcance, sem sacrifícios.