Em recente declaração, o presidente eleito, Jair Bolsonaro afirmou: “É muito difícil ser patrão no Brasil, não há dúvida”. Bolsonaro disse que a reforma trabalhista representou um avanço, mas reconheceu que, apesar dela, ainda é complicado manter aberta uma empresa no país. E ele tem razão. A burocracia excessiva, os impostos abusivos e os juros estratosféricos representam um desafio – e muitas vezes um pesadelo – para o empreendedor, em especial para o pequeno e médio empresário.
Os três problemas citados fazem com que o trabalhador receba muito menos do que deveria e, de outro lado, impede a abertura de novas empresas. Foram anos e anos de políticas equivocadas e muitas delas acompanhadas pela forte corrupção que levou o país para o brejo e produziu mais de 12 milhões de desempregados.
Poucos analistas e políticos têm a coragem de admitir que a Constituição “cidadã” de 1988, com centenas de direitos e poucos deveres, produziu um monstrengo que inviabiliza o crescimento do Brasil e impede que a chaga da desigualdade social seja corrigida ao longo do tempo.
Pelo contrário, refém das corporações e de setores do funcionalismo que possuem privilégios inaceitáveis em qualquer país civilizado do planeta, o povo brasileiro acompanha a falência do Estado e assiste, calado, ao maior programa de transferência de renda de pobres e da classe média para quem está no alto da pirâmide.
Confunde-se “privilégios adquiridos” com “direitos adquiridos” e o Estado vai afundando em sua tragédia diária, onde a violência e a corrupção são reflexos de um sistema apodrecido.
O empresário e os trabalhadores produzem para garantir privilégios de uns poucos, o que, por si só, explica a fala do presidente eleito. É realmente muito difícil ser patrão no Brasil, como é difícil ser empregado, com tantos e abusivos impostos.
Bolsonaro assume em janeiro e uma de suas principais medidas será a urgente reforma da Previdência. Ela passa por cortar os privilégios de quem se aposenta cedo no serviço público e com altos proventos. O sucesso de seu governo e do futuro do país depende dessa mudança. Forças gigantescas estarão atuando em sentido contrário.
É muito difícil ser um cidadão comum no Brasil.
