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Crise no PSL obriga Jair Bolsonaro a entrar em campo

08/12/2018

Até as estátuas do Palácio José Bonifácio, em Santos, sabiam que a deputada federal eleita Joice Hasselmann (PSL) seria uma pedra no sapato do futuro governo. Mas ninguém esperava que os problemas ocorressem tão cedo. Deputada federal mais votada da história do país, Hasselmann tem um temperamento explosivo e seria uma mistura das petistas Maria do Rosário e Gleisi Hoffmann. Dose pra leão.

O bicho pegou mais cedo porque Hasselmann, com base em sua expressiva votação, quer assumir a liderança do PSL, partido que elegeu 52 deputados federais e tem a segunda maior bancada da Câmara. Os que não concordam com ela dizem que a deputada eleita chegou agora e já quer se sentar na janelinha.

Barraco
O fato é que Hasselmann provocou um barraco generalizado dentro do partido e chegou a bater boca, via redes sociais, com o presidente do PSL de São Paulo, senador eleito Major Olímpio, e com um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, reeleito deputado federal também com expressiva votação.

Eduardo Bolsonaro disse que Hasselmann chegará ao Congresso com “fama ainda maior de louca” e a acusa de “atropelar qualquer um que esteja à frente de seus objetivos”. Joice retrucou e disse que Eduardo Bolsonaro “deve crescer e parar de mandar recadinhos infantis pelas redes sociais”. Ainda segundo a deputada eleita, o filho do presidente é “um marmanjo que age como um bebê”. A briga foi divulgada pelo site O Antagonista e ganhou repercussão nacional. 

Senador eleito por São Paulo, com mais de nove milhões de votos e presidente do partido no Estado, Major Olímpio afirma que “a bancada toda não concorda com o procedimento dela. Ninguém está disputando nada. Ela está disputando contra todos. Não há conflito de todos contra um. É só um se adequar”.

 

Mulher de malandro
No melhor estilo deixa que eu chuto, Joice respondeu ao presidente do PSL de São Paulo: “Major mente descaradamente”. Segundo ela, o senador eleito “é um aproveitador que usou uma discussão política para vingança pessoal. Esse é o Olímpio. Não sou mulher de malandro. Bateu, levou”.

E Joice nem assumiu o mandato ainda. Dá para imaginar o que vai acontecer a partir de fevereiro, quando ela, além de brigar com seus companheiros de partido, vai dividir o plenário com as petistas Maria do Rosário e Gleisi Hoffmann… 

 

Presidente em ação
Depois que o barraco foi armado, generais e ministros do futuro governo pediram ao presidente eleito Jair Bolsonaro que coloque ordem no PSL. Todos temem que a briga pela liderança, e também de egos, coloque em risco as medidas que o governo precisa adotar em 2019, em especial a reforma da Previdência. Uma reunião entre Bolsonaro e parlamentares do PSL deve ocorrer na quarta-feira (12). Até lá, quem segura Joice?
 

Telhados de vidro fino

O governo Bolsonaro nem começou mas já pipocam diversas denúncias de irregularidades envolvendo pessoas do centro do poder. O futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, abandonou uma entrevista coletiva na sexta-feira (7) ao ser pressionado pelos jornalistas a responder sobre a movimentação suspeita (R$ 1,2 milhão em um ano) do motorista do senador eleito Flávio Bolsonaro (o filho 01 de Jair). O próprio Onyx também é alvo de mais uma denúncia (a segunda) envolvendo uso de caixa 2 em campanha eleitoral. 

Resta saber se o futuro ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro, vai determinar que se investigue a fundo estes casos ou ficará satisfeito com singelos pedidos de desculpa.