TV em Transe

O desabafo

13/12/2018

A festa de final de ano da firma – no caso, a Rede Globo – que é o Troféu Domingão, comandada por Faustão, costuma ser um oba-oba para levantar a bola da emissora e nada mais.

 

Este ano, porém, a presença de Fernanda Montenegro mudou a coisa de figura. Ela protagonizou um momento marcante ao fazer um desabafo em defesa da classe artística, acusada, em especial durante o período da campanha eleitoral, de se aproveitar da Lei Rouanet financeira e politicamente (ao apoiar determinado grupo)

 

“Nós somos de uma profissão digna. Uma cultura teatral milenar. Não somos responsáveis pela derrocada econômica desse país. Não somos corruptas. Não somos responsáveis pela crise que esse país está passando. Não somos responsáveis pela corrupção desse país através da Lei Rouanet”, declarou.

 

Vivemos num lugar onde, num vale-tudo eleitoral, pessoas não se furtam a espalhar fake news envolvendo uma senhora de 89 anos, de conduta ilibada, não por acaso a maior atriz do país. E onde pessoas opinam sobre uma lei de incentivo à cultura sem nem saber ao certo do que se trata e como funciona.

 

Aliás, em seu desabafo, Fernanda Montenegro lembrou dos ataques sofridos em redes sociais: “Eu sei que há uma terra de ninguém, que é a internet”, destacou. “De uma maneira mais palpável, a gente tem que se posicionar”, finalizou.

 

Repercussão

Logicamente o discurso da atriz repercutiu na internet, dividindo opiniões – inclusive na própria classe artística. Roger, do Ultraje a Rigor, criticou Fernanda, dizendo que os artistas não são responsáveis pela corrupção, mas foram “coniventes”, além de usar uma expressão ofensiva.

 

Já o escritor e jornalista Gilberto Dimenstein lembrou que “a Lei Rouanet virou motivo de ódio, ignorância e histeria para demonizar não apenas artistas, mas a própria arte”.

 

A eleição passou, mas a polarização, a agressividade e a ignorância continuam na ordem do dia.