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Lula e João de Deus, da divindade à prisão

22/12/2018

O poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente. A frase atribuída ao historiador britânico John Emerich Edwar Dalberg, conhecido como Lorde Acton, talvez explique a tragédia brasileira que atingiu dois personagens importantes da história recente do Brasil. 

 

Há uma similaridade nos fatos que envolvem o ex-presidente Lula da Silva e o médium João de Deus. Um no campo da política, outro no da religião, eram considerados quase “divindades” –e muitos de seus seguidores ainda os consideram assim.

 

Por que, afinal, os dois líderes saíram do céu para o inferno? Nesse sentido, a frase de Lorde Acton pode ser reveladora. Como a vaidade, o poder é também um dos pecados prediletos do demônio (algo muito bem retratado no filme o Advogado do Diabo, com Al Pacino) e transforma o personagem em refém de seu próprio mito. Tanto Lula como João de Deus certamente acreditaram que, por fazer o bem a milhões de pessoas, teriam direito a seus prazeres terrenos, alguns inaceitáveis em uma sociedade civilizada, que incluem poder, corrupção, dinheiro e mulheres.

 

Ademais, Lula e João de Deus viviam em um país marcado pela impunidade, onde somente pobres, negros e prostitutas iam para a cadeia. Já se sentindo acima do bem e do mal, ambos não perceberam que, aos poucos, o Brasil estava mudando. Quando se deram conta, se é que se deram conta, já estavam, perplexos, na cadeia.

 

Tanto no caso de Lula como no de João de Deus a decepção de milhões de brasileiros foi gigantesca. Acreditar em quem? Confiar em quem?

 

Pode parecer um paradoxo, mas a tragédia que atingiu dois ilustres brasileiros e frustrou milhões de cidadãos de bem e de boa vontade, representa um sinal de que o país está melhorando e que a democracia, enfiam, pode ser exercida em sua plenitude.

 

Já não há dúvida de que no Brasil atual ninguém está acima da lei. É um bom começo.