Notícias

O que são as dores do crescimento?

19/01/2019

A criança acorda chorando no meio da noite, reclamando que suas pernas estão latejando e doendo? É possível que esteja sentindo as dores de crescimento, condição que afeta de 25% a 40% das crianças em desenvolvimento, de acordo com a médica ortopedista Ana Paula Simões, especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo na FCMSC de São Paulo.

“Geralmente ocorrem durante dois períodos: na primeira infância entre três e cinco anos e, mais tarde, entre oito a 12 anos. Mas associam-se também aos estirões, momentos em que a criança aumenta alguns centímetros subitamente”, diz.

Como ocorrem
Ana Paula Simões explica que as dores geralmente concentram-se nos músculos e nas inserções de tendões no osso, principalmente dos membros inferiores. “Muitas crianças relatam dores na parte anterior de suas coxas, nas panturrilhas, nos joelhos e calcâneos. As articulações afetadas podem ficar levemente inchadas, vermelhas e até mesmo edemaciadas, mas na maioria das vezes as articulações de crianças com dores de crescimento parecem normais”.

Embora as dores de crescimento muitas vezes apareçam no final da tarde ou início da noite antes de dormir, podem ocorrer durante a madrugada. Principalmente se a criança passou o dia correndo ou se fez muita atividade de impacto nesse dia. Segundo a especialista, a intensidade da dor varia de criança para criança, e a maioria delas não tem as dores todos os dias.

Causas possíveis
A ortopedista informa que estudos médicos já comprovaram que o crescimento ósseo não causa dor. Portanto, as dores podem ser apenas desconforto dos excessos de saltos, pulos e corridas que as crianças ativas praticam durante o dia. As dores podem acontecer depois que uma criança teve um dia particularmente atlético ou sobrecarregou aquela região que não estava preparada para tal. “Temos poucas evidências se há relação com encurtamento de partes moles, já que bailarinas e ginastas também têm essas dores e são muito flexíveis”.

Diagnóstico de exclusão
Ana Paula Simões conta que dores do crescimento são o que os médicos chamam de diagnóstico de exclusão. Isso significa que outras condições serão descartadas antes que seja feito o diagnóstico, obtido através do histórico médico e exame físico. 

Como forma de alívio, a médica recomenda massagear a área e dar bastante carinho para a criança; alongamento e abraços; colocar uma almofada de aquecimento na área, banho quente, compressa; e dar um analgésico natural.

Sinal de alerta 
Leve ao seu médico se algum destes sintomas acontecer com a dor do seu filho: dor de longa duração ou dor de manhã; inchaço ou vermelhidão intensa numa determinada área ou articulação; dor associada a uma lesão; febre; mancando ou não consegue apoiar a perna ou pé; erupções cutâneas incomuns; perda de apetite, fraqueza e cansaço; e comportamento incomum. 

“Estes sinais não estão relacionados com as dores de crescimento e devem ser verificados e analisados pelo médico. Mesmo que as dores de crescimento não estejam relacionadas com doenças, podem chatear as crianças (e os pais), porque as dores geralmente somem na parte da manhã, e os pais às vezes pensam que a criança fingiu. Se isso acontecer, o ideal é oferecer apoio, carinho e garantia de que as dores vão passar conforme as crianças crescem”, orienta a médica.