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TDAH é uma epidemia?

19/01/2019

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH – tem apresentado números crescentes. Daí a pergunta, o transtorno está se tornando uma epidemia? Um termo usado, cada vez mais comum, é o da medicalização das crianças, da escola, da saúde em geral. Isso significa a busca de medicamentos para problemas que talvez necessitasse. Estudos mostram que se em 1955 nos EUA, uma em cada 468 pessoas sofriam de algum transtorno psíquico, nos dias de hoje, é uma em cada 76 americanos. Melhorou o diagnóstico? Talvez.

 

Atualmente, o comportamento infantil tem sido medicalizado. Sim, de fato, o problema existe e precisa ser solucionado, mas qual sua dimensão real? O que antes seria classificado como criança irrequieta, travessa ou desatenta, agora é diagnosticada com TDAH. No Brasil, o dado alarmante de três anos mostra o aumento do consumo de metilfenidato em 164%. Em parte, é a divulgação dos sintomas pelas redes sociais.

 

Pesquisadores questionam o papel das associações de “apoio” à criança com TDAH, pois acreditam que esses grupos fazem divulgação disfarçada do produto usado para tal problema, o metilfenidato. E isso, possivelmente patrocinado pela indústria farmacêutica.

 

Pesquisa brasileira mostrou que os pais e responsáveis buscam apoio recíproco ao perceberem as reações adversas provocadas em seus filhos pelo metilfenidato. O estudo mostrou que os responsáveis estão angustiados, sentindo-se culpados por seus filhos apresentarem as reações adversas. Mas sempre surge apoio para a manutenção do uso.

 

As reações adversas são várias. A mais comum é a chamada “batedeira” no coração, ou seja, aumento da frequência cardíaca. Portanto, não deve ser usado em pessoas com histórico de problemas cardiovasculares, pois pode surgir complicações graves. E atenção, o medicamento não deve ser usado em menores de seis anos. Crianças sob tratamento do metilfenidato devem ser reavaliadas no prazo mínimo de um ano. O uso do medicamento reduz apetite e pode comprometer o crescimento da criança e adolescente. 

 

Mas também não deve ser usado em pessoas com outros transtornos psiquiátricos, pois podem induzir a agravação desses problemas. Principalmente em aqueles que apresentem depressão, ansiedade, síndrome como o autismo ou ideação suicida. Podem induzir condições de pânico, instabilidade emocional e movimentos musculares incontrolados. 

 

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe sua dúvida para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail [email protected] ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.

 

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.