Notícias

Calor e as oscilações na pressão arterial

26/01/2019

Quem tem tendência à pressão arterial baixa já sabe: calor em excesso pode provocar quedas abruptas, o que, além do mal estar característico, é fator de risco para problemas cardiovasculares, como acidente vascular cerebral (AVC) e infarto. O alerta é do cardiologista Francisco Maia, que aponta a importância de tomar  alguns cuidados, principalmente por quem tem doenças cardíacas associadas.

 

Segundo ele, os fenômenos climáticos influenciam diretamente no nosso organismo, provocando oscilações na pressão arterial. “É um fenômeno físico. Quando há um aumento da temperatura,  as artérias dilatam e, com essa dilatação, automaticamente diminui a resistência vascular periférica e a tendência é a pressão arterial baixar”.

 

Outro fator que contribui para a queda da pressão arterial é o aumento da transpiração nos dias mais quentes. “No calor, nós suamos mais, perdemos mais líquido e a tendência é que a pressão fique mais baixa. Quem utiliza diurético pode apresentar uma queda ainda mais acentuada da pressão arterial”, afirma o cardiologista.

 

Já no inverno ocorre o inverso e aumenta o risco de complicações de saúde para os hipertensos, uma população estimada no Brasil em 30 milhões de pessoas – grande parte desconhece ou não trata o problema. “No frio ocorre uma vasoconstrição no organismo e, consequentemente, aumenta a resistência periférica e a pressão arterial acaba aumentando também”, explica o médico.

 

Os riscos da pressão descontrolada

Os níveis adequados da pressão arterial são fundamentais para o funcionamento do nosso organismo. Estima-se que dos cerca de 60 milhões de brasileiros que têm hipertensão, somente metade sabe que tem a pressão alta, ou seja, 30 milhões de pessoas. “Das que sabem do problema, somente metade faz o controle correto com medicamentos, ou seja, 15 milhões. E desses, somente metade está com a pressão realmente controlada”.

 

Uma pessoa é considerada hipertensa quando tem medidas consistentes (ou seja, continuamente), acima de 140/90, sendo que alguns consensos internacionais já diminuem essa medida para 130/90. “Já no caso da pressão baixa, não existe um valor específico pré-definido. O que pode ser pressão baixa para uma pessoa de 1,90 de altura pode ser uma pressão normal para uma pessoa de 1,60 de altura”, esclarece o médico. 

 

Sintomas mais comuns
Os sintomas mais comuns de queda da pressão arterial são sonolência, indisposição, moleza no corpo, tontura e suor frio. Já a hipertensão pode não apresentar sintomas ou se manifestar com cefaléia, principalmente atrás da cabeça e no pescoço, seguida de tontura, alteração visual (enxergar luzinhas piscando ou visão dupla), náusea, enjoo, palpitação e formigamento nos braços. A pressão alta é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais e doenças nefrológicas. 

 

Como proceder para regular a pressão     
Caso a pessoa manifeste os sintomas de pressão baixa, deve descansar em um lugar fresco e tomar bastante líquido. “Se a pessoa sentir-se mal ao ponto de quase desmaiar, também deve deitar com as pernas para cima. Apesar da crença de que colocar sal embaixo da língua faz bem quando a pressão cai, surte mais efeito uma hidratação vigorosa, principalmente se for uma bebida com um pouco de sódio, como a água de coco, que é uma ótima forma de reposição para aumentar a pressão arterial”, recomenda o cardiologista.

 

Já a recomendação para os hipertensos é que procurem o cardiologista caso sintam indisposições frequentes, especialmente, porque já utilizam medicamentos que fazem a pressão arterial baixar. “Quem toma remédio para hipertensão e tem uma queda de pressão de maneira contínua, com sintomas frequentes de indisposição, mal estar, tontura e fraqueza, deve procurar seu médico, pois pode ser necessário fazer ajustes na dosagem ou retirar temporariamente algum medicamento durante o verão”, informa Maia.

 

Idosos são os mais afetados

Na onda de calor que atinge o Brasil neste verão, quem mais sofre são os idosos, que devem redobrar os cuidados devido às alterações naturais no organismo. De acordo com o cardiologista Luiz Antônio Bettini, a percepção de calor após determinada idade fica alterada, o corpo desidrata, não ocorre a sudorese e a temperatura corporal pode aumentar. “Idosos perdem, com o tempo, a adaptação ao calor devido a alterações dos pontos térmicos do corpo e, com isso, não percebem as grandes variações térmicas”, explica.

 

Além disso, o corpo passa a regular o estímulo da sede e também da necessidade de urinar de forma desregulada. “Com o passar dos anos, o sistema nervoso central diminui ou deixa de enviar para o corpo os estímulos nervosos responsáveis pela sensação de sede e pelo controle da urina, isso faz com que os idosos bebam pouca água, mesmo no verão, e urinem com bastante frequência, podendo desidratar-se sem sentir”, conta Bettini.

 

Nos quadros de hipertensão, muitas vezes, a medicação pode influenciar no volume diurético, aumentando ainda mais a perda de líquidos. “Os idosos que sofrem de pressão alta e diabetes devem procurar seus médicos nesta época do ano para remanejar o tratamento. Não dá para ingerir as mesmas doses de diuréticos e insulina que usam durante o resto do ano”, informa o médico.

 

Cuide-se!

• Beba grande quantidade de água durante todo o dia, mesmo sem sede;
• Procure abrigo em lugares cobertos ou em áreas que possuam ar condicionado;
• Vista-se com roupas leves e de cor clara;
• Evite atividades físicas e ao ar livre na parte mais quente do dia (entre 10h e 16h);
• Use protetor solar, chapéu ou boné ao sair no sol;
• Evite ingerir cafeína e álcool, pois são bebidas que contribuem para a desidratação;
• Se sentir cansaço, náuseas, tonturas, ou desenvolver dores de cabeça, saia imediatamente do sol, procurando abrigar-se numa sombra, local arejado e beba água.