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Caio França vai fiscalizar governo Doria chr39de pertochr39

02/02/2019

Reeleito deputado estadual com votos principalmente da Baixada Santista, Caio França (PSB) espera que o governador João Doria não discrimine as cidades da região pelo fato de seu adversário na eleição, Marcio França (pai de Caio), ter obtido mais apoio que ele na região. “Não seremos oposição por oposição, sem motivos, mas pretendemos ter uma postura de independência”, explica. O parlamentar espera que o governador reveja o corte de repasses de verbas anunciadas em 2018 e promova investimentos na Baixada Santista, principalmente nos setores de saúde, segurança e mobilidade urbana.  

 

Como o senhor avalia o início do governo João Dória?
Caio França- Primeiro, a gente sempre enxerga com esperança, que tenham tempos melhores aqui para a região e o Estado de São Paulo. É claro que nós trabalhamos muito pelo lugar do Márcio França e eu tinha convicção de que a vitória dele seria uma vitória da Baixada. Me preocupo no início, por conta do rompimento dos convênios inicialmente feitos pelo governador, um cancelamento de quase R$ 150 milhões, onde quase R$ 80 milhões são aqui da Baixada.

 

Qual é a justificativa do governo para esse rompimento?
Caio-
A justificativa inicial é porque os convênios carecem de lastro. Primeiro, de plano de trabalho e, segundo, de orçamento. O que não é verdade! Nós aprovamos no ano passado um orçamento para o programa de recapeamento de 2019 de R$ 250 milhões. Então, não há que se falar em falta de orçamento. No que se refere ao plano de trabalho e as certidões das prefeituras, eu estou absolutamente tranquilo também porque todas as que foram conveniadas estão lá. Senão, não iniciariam as obras, e em alguns casos já foram iniciadas. Vale lembrar que a maioria delas foi uma contrapartida por conta da assinatura do convênio com a Sabesp, porque o governo sempre precisa trazer um atrativo à cidade para poder assinar, então é uma troca. No caso da maioria das cidades aqui foi isso, São Vicente já assinou e Guarujá está prestes a assinar o convênio com a Sabesp.

 

Com relação à Assembleia Legislativa teremos eleições agora. Qual é a posição do PSB?
Caio-
A gente tem conversado com os principais candidatos, tanto o Cauê Macris quanto a Janaina Paschoal, e não descartamos ainda a hipótese de um candidato nosso, o deputado Barros Munhoz, que é muito respeitado na casa. Ele já tem alguns mandatos, foi presidente e entende que a Assembleia tem que ter independência e voltar a ter protagonismo. Nos últimos anos, isso não aconteceu, então a gente trabalha na hipótese de ter uma candidatura nossa sem descartar as forças que existem na casa. Desde o início do mandato, em 2015, a gente formou um bloco parlamentar com 25 deputados, que é um bloco que continua vivo. Então, a gente não descarta a possibilidade de entrar na disputa. Vamos intensificar mais essas conversas. O PSB ainda não tem uma posição definida, mas defende a independência, a autonomia e a volta do protagonismo à Assembleia.

 

João Dória foi eleito com discurso de nova política, mas acabou trazendo para o Governo de São Paulo vários ministros do Temer, que foi o presidente mais mal avaliado da história recente do país. Como você avalia isso?
Caio-
Muito preocupado. Primeiro, porque são pessoas que não têm vínculo com o nosso estado, muitos nem moravam aqui. Além disso, é uma prática que já parece um pouco comum do governador eleito. Na eleição é uma postura e pós-eleição, na vitória, é outra. Vou acompanhar de perto, para que ele possa tirar do papel tudo aquilo que apresentou durante a campanha, não só na questão da Segurança Pública, mas também no que diz respeito à mobilidade urbana, entre outras coisas. Embora eu tenha apoiado outro candidato, torço pelo melhor do estado, para que ele possa se desenvolver. Não seremos oposição por oposição, sem motivos, mas pretendemos ter uma postura de independência na Assembleia. Não só eu, como os demais colegas que se elegeram também pelo nosso grupo.

 

Uma das promessas do João Dória foi a Delegacia da Mulher 24 horas e ele já rompeu esse compromisso. Como você vê essa mudança de posição?
Caio-
A aprovamos alguns projetos no final do mandato anterior e combinamos de mandar alguns autógrafos para ele sancionar agora. Ele não sancionou esse e outros projetos importantes também, inclusive chegou a vetar alguns, como esse. Como eu disse, na campanha ele falava muito da violência contra a mulher, das Delegacias 24 horas em todo o estado, mas acabou não fazendo. Na campanha é uma coisa, no pós é outra. Ele argumentou que falta efetivo etc. Eu espero que ele tenha bom senso de administrar as coisas para que não faça do seu governo uma revanche da eleição, que já passou. Agora é olhar para frente e trabalhar para um estado de São Paulo melhor.

 

Um ponto positivo foi a questão da ponte Santos-Guarujá, que ele reafirmou que é um projeto do Márcio França e ele irá dar sequência. Como você vê essa questão?
Caio-
É um projeto que já está engatilhado. O governador Marcio França tinha autorizado a Ecovias a fazer o projeto-base e o governador João Dória entendeu que esse é o melhor traçado. Essa é uma história que nenhum morador da Baixada aguenta mais ouvir falar. A gente precisa de prática, ação, que a obra se inicie. Então, que o governador Dória possa trazer toda agilidade que ele fala da iniciativa privada para essa obra tão esperada por todos os moradores. Vamos acompanhar e cobrar, para que possa sair o mais rápido possível.

 

Com relação ao governo federal, qual é a sua expectativa com o presidente Bolsonaro?
Caio-
O presidente Bolsonaro ainda vive um momento de êxtase. Venceu a eleição com um discurso de moralidade nas coisas públicas, com uma pauta muito forte na segurança pública, pois é um cenário que hoje todo morador, de fato, não se sente seguro onde vive. Então, torço também para que faça um bom governo. Tem um episódio recente do seu filho que demonstra ter problemas e que tem que ser responsabilidade também, mas torço muito para que possa fazer um país mais forte e soberano. Enfim, torço para que ele possa ter um grande governo.

 

Com relação aos seus planos, quais são as prioridades do deputado Caio França?
Caio-
A prioridade continua sendo o desenvolvimento da nossa região. Eu devo muito à Baixada Santista, que foi quem me conduziu à Assembleia Legislativa. Temos grandes gargalos, primeiro na questão da saúde pública, tem convênios firmados e a gente precisa ampliar ainda mais os repasses, por exemplo, para o Hospital Guilherme Álvaro, que tem capacidade de atender mais pessoas, é um hospital que atende toda a região. A gente tem um compromisso já assinado da criação do AME do Guarujá,  também é uma luta nossa que vamos trabalhar para tirar do papel. E avançar também no Litoral Sul no que diz respeito à estrutura da saúde. Além disso, a ampliação do VLT, que é importante na mobilidade urbana para a região toda. A  fase que vai levar até a área continental de São Vicente será um divisor de águas, porque segregar uma parte da cidade não foi uma boa escolha da EMTU lá de trás. Vamos agilizar essa obra e conseguir garantir aqui para nossa região todos os investimentos no que diz respeito à segurança pública, que é um tema que o governador Dória pegou carona junto com o Bolsonaro. A gente sente que precisa de mais respaldo aqui pelo Governo do Estado.
 

Foto: Marcio Pinheiro/PMSV