Notícias

Psicodélico

09/02/2019

As substâncias psicoativas usadas com fim recreacional podem ser divididas, em função de seu efeito em três categorias: depressores (como álcool ou opioides), estimulantes (cocaína, anfetamínicos ou nicotina) ou as modificadoras dos sentidos ou psicodélicas (LSD, psilocibina e a mescalina). As drogas psicodélicas marcaram uma época em que seu uso estava vinculado a uma sociedade alternativa, os hippies. 

 

As substâncias psicodélicas também são usadas em cerimônias de sociedades antigas com o objetivo de evocar os deuses para tomada de decisões comunitárias. No Brasil, a seita do Santo Daime utiliza uma mistura de substâncias com esse objetivo. Do mesmo modo o peiote (mescal) era usado pelos ameríndios de forma cultural. 

 

Mas uma nova linha de pesquisa está aberta com essas substâncias, o seu uso para o tratamento de transtornos psíquicos como depressão, ansiedade e para os dependentes de álcool e nicotina. Vários estudos apontam que essas drogas atuam em neurotransmissores como serotonina. Recentemente, FDA autorizou estudos em humanos com a psilocibina, substância alucinógena componente de um cogumelo. Existem bons indicativos para o efeito positivo dessa substância no tratamento de depressão refratária.

 

Há de se deixar claro que essas pesquisas não autorizam ou apresentam segurança para o uso de substâncias psicoativas. Essa discussão já foi feita quando dos estudos do canabidiol para o controle da epilepsia refratária aos tratamentos conhecidos. O que as pesquisas apontam é de que, em situações patológicas específicas, a psilocibina pode ter um efeito benéfico para o tratamento da depressão ou do uso de álcool ou tabaco.

 

Apesar da psilocibina ser considerada segura, quando comparada a outras substâncias psicoativas ou a outros psicodisléptico (denominação mais científica para psicodélico), ela deve ser usada por pessoas que apresentem transtornos psíquicos. Nos EUA, um jovem suicida, que se atirou de um prédio, continha níveis altos de psilocibina no sangue. Esse caso foi estudado justamente por não ser comum. Mas sempre é possível ocorrer.

 

Outro alerta a ser feito é que apenas um tipo específico de cogumelo apresenta psilocibina em seus componentes. Apenas especialistas conseguem diferenciar os cogumelos tóxicos dos não tóxicos. Além disso, a intoxicação com cogumelos é difícil de ser tratada porque não se saberá qual o agente intoxicante. Existem mais de cem espécies de cogumelos causadores de intoxicação. Muitos deles poderão causar danos hepáticos irreversíveis.

 

Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM), do curso de Farmácia da Unisantos, está disponível para solucionar suas dúvidas. O contato pode ser pelo e-mail [email protected].

 

Prof. Dr Paulo Angelo Lorandi, farmacêutico pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas-USP (1981), especialista em Homeopatia pelo IHFL (1983) e em Saúde Coletiva pela Unisantos (1997), mestre (1997) e doutor (2002) em Educação (Currículo) pela PUCSP. Professor titular da UniSantos. Sócio proprietário da Farmácia Homeopática Dracena.

 

Foto: Reprodução