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Três doenças no foco do Fevereiro Roxo

16/02/2019

Este é o mês da campanha Fevereiro Roxo, que tem o objetivo de conscientizar a população sobre Lúpus, Fibromialgia e Alzheimer, doenças ainda sem cura e de alta incidência no Brasil. Estima-se que as três moléstias juntas acometam atualmente cerca de 6.5 milhões de pessoas no país. Cada uma tem suas peculiaridades, mas todas exigem atenção e cuidados visando, inclusive, diminuir as dores e desconfortos.

 

“Enquanto as causas de cada uma delas ainda são um mistério para cientistas ao redor do mundo, viver uma vida saudável é a melhor maneira de prevenção. Se você ou um familiar apresentar algum dos sintomas, procure um médico o quanto antes. O diagnóstico precoce é a chave para um ganho enorme de qualidade de vida”, orienta Ulisses dos Santos, gestor médico do centro hospitalar HSANP, na capital paulista.

 

Lúpus


O Lúpus é uma doença auto-imune, ou seja, causada quando o sistema imunológico de uma pessoa ataca órgãos e tecidos do próprio corpo, como a pele, articulações, rins e até mesmo o cérebro. De acordo com o médico Ulisses dos Santos, a doença é mais comum entre mulheres e pessoas de etnias afro-americanas, hispânicas e asiáticas, e a maioria dos diagnósticos ocorre antes dos 40 anos.

 

Geralmente os sintomas incluem inflamações nas articulações das mãos, fadiga, dores e rigidez muscular, vermelhidão na pele, manchas no rosto semelhante a uma asa de borboleta, sensibilidade à luz do sol, queda de cabelo, anemia sem causa definida, espuma na urina e outros.

 

O tratamento é multidisciplinar e o objetivo é a remissão da doença, que ocorre quando os sinais e sintomas clínicos estiverem ausentes, bem como quando houver normalização de algumas provas laboratoriais. O grande segredo é procurar o diagnóstico prematuro, instituir o tratamento precoce e nunca perder de vista o acompanhamento regular, mesmo em períodos de remissão.

 

Fibromialgia


Se a fibromialgia pudesse ser vista a olho nu teria este aspecto
Foto: reprodução/sociedade brasileira de radiologia

 

No Brasil, a estimativa é de cerca de cinco milhões de pessoas sofrendo deste mal, a maioria mulheres. Esta síndrome é caracterizada por dores pelo corpo inteiro durante longos períodos, com sensibilidade nas articulações, nos músculos, nos tendões e em outros tecidos moles. Junto com a dor, a fibromialgia também causa fadiga, distúrbios do sono, dores de cabeça, depressão e ansiedade. 

 

Ulisses dos Santos informa que cientistas suspeitam que traumas físicos e emocionais, distúrbios de sono, sedentarismo e questões genéticas podem estar relacionados à doença. Para o diagnóstico, feito por meio de exame corporal, é importante descartar outras enfermidades que apresentam sintomas semelhantes. O tratamento é medicamentoso, com recomendação da prática de atividade física. 

 

Alimentação – Segundo o médico nutrólogo Alexander Gomes de Azevedo, há comprovações científicas de que uma dieta antiinflamatória pode ajudar a controlar os sintomas. “Apesar de  não ser uma doença inflamatória, indivíduos com fibromialgia apresentam normalmente maior nível de estresse oxidativo, ou seja, há uma maior produção de radicais livres e uma atuação insuficiente do sistema antioxidante do organismo em neutralizá-los. É preciso aumentar o aporte de nutrientes antioxidantes e reduzir outros que têm características inflamatórias, associados inclusive à maior sensação de dor”, explica.

 

Ele recomenda reduzir a ingestão de gorduras pró-inflamatórias, como a gordura saturada da carne vermelha, dos laticínios integrais e frituras, e aumentar o consumo de gorduras poli-insaturadas que têm efeito contrário e agem justamente modulando as inflamações e a dor. “Um exemplo é o ômega-3. Algumas fontes de ômega-3 são a sardinha, o atum, o salmão, o arenque ou o linguado. Há também a opção de se usar suplementos para elevar os níveis desta gordura no corpo”, completa o médico.

 

Mal de Alzheimer
O transtorno neurodegenerativo afeta mais de um milhão de brasileiros, com cerca de 100 mil novos casos anualmente. A doença provoca o declínio das funções cognitivas, geralmente na terceira idade, reduzindo as capacidades de trabalho e relação social e interferindo no comportamento e na personalidade da pessoa. Um dos primeiros sintomas é a perda de memória mais recente. 

 

Com a evolução do quadro, o Alzheimer afeta a capacidade de aprendizado, atenção, orientação, compreensão e linguagem, até que o paciente fique cada vez mais dependente da ajuda dos outros, até mesmo para rotinas básicas, como a higiene pessoal e a alimentação.

 

O médico Ulisses dos Santos conta que pesquisas recentes indicam que o agente causador da doença pode ser a bactéria Porphyromonas gingivalis, que costuma ficar na gengiva do ser humano e tem a capacidade de invadir e inflamar as regiões do cérebro afetadas pelo mal de Alzheimer. “Enquanto pesquisadores ainda tentam descobrir mais sobre o transtorno, uma boa higiene bucal pode ser essencial para quem quer evitar qualquer dano no futuro”, aconselha.

 

Fotos: sxc.hu free image bank