Comportamento

Não perca o compasso nem a compostura!

02/03/2019

No Carnaval, a época em que se deixa a rotina completamente de lado, muita gente aproveita para extravasar: cantar, dançar, vestir uma fantasia, beber, beijar etc etc etc. O problema é que este cenário de “liberou geral” faz com que muitos ultrapassem os limites do bom senso, da compostura, do respeito ao próximo e até mesmo da lei. Mas é possível aproveitar a maior (em duração e entusiasmo) festa do país sem avançar o sinal vermelho.
 

Dentro dos limites
A psicóloga Júlia Paolucci Sampaio explica que um comportamento exacerbado no Carnaval está atrelado a diversos fatores. “As pessoas estão vivendo em um mundo extremamente competitivo e repressor, onde é preciso dar conta de tudo, ser o melhor, fazer as tarefas antes do prazo. Na época do Carnaval, é como se tivéssemos permissão para extrapolar e soltar  de todas as amarras socialmente impostas, sem medo de sermos criticados e julgados”.

 

Segundo ela, o problema é o risco de se perder completamente a noção da realidade, em nome de prazeres momentâneos e impulsivos. “Acabamos esquecendo o outro, o respeito conosco e as consequências”, explica.

 

Previna-se!
Recomendação que vale para o ano inteiro mas parece fazer mais sentido ainda durante o Carnaval, quando as pessoas estão mais abertas a relações casuais: não coloque em risco sua saúde física e emocional, tenha relações sexuais com preservativo e evite contrair doenças sexualmente transmissíveis como Aids, sífilis e hepatites virais.

 

Bom senso é bom e todo mundo gosta
Satisfaça suas necessidades fisiológicas no local adequado: banheiros químicos ou de estabelecimentos comerciais. Ninguém é obrigado a testemunhar um momento tão íntimo, sem falar na poluição que urinar e defecar em via pública acarreta.

 

Desrespeitar o “não!”, é crime!

Apesar de óbvio, ainda há pessoas que não insistem em ter atitudes  desrespeitosas e invasivas. O assédio durante a folia é uma das preocupações que atingem, principalmente, as mulheres. 

 

Segundo a advogada Ana Caroline Santos, desde que não haja o consentimento da vítima, o ato se caracteriza em assédio. “Entrou em vigor ano passado uma lei que prevê o assédio sexual como crime (o que antes era somente uma contravenção penal). Como contravenção, o agressor era liberado após pagar uma multa. Agora, como crime, quem pratica importunação sexual pode pegar pena de 1 a 5 anos de prisão”, detalha.

 

Ao ser vítima de assédio ou presenciar cenas do tipo, é necessário chamar  a polícia. A advogada explica que, independentemente de a vítima querer ou não, a ação se caracteriza como crime e o Ministério Público se encarrega de promover a ação penal. “Antigamente, estava condicionada à representação, ou seja, a vítima precisava externar o desejo de que o agressor fosse punido. Hoje, a ação é pública incondicionada”, explica. Ou seja, se está de fora da situação e viu assédio, é necessário e pode denunciar.

 

Antes da abordagem, a psicóloga Bruna Rosa aposta em prestar atenção aos sinais corporais e comportamentais da pessoa que se está pretendendo conversar. “Verifique se a pessoa corresponde ao “flerte”, é preciso haver reciprocidade. Mas se você achar que rolou uma “química”, mas a outra pessoa rejeitou, está claro: não é não! Aceite e busque outra pessoa. Curta o momento e divirta-se”, aconselha.

 

Devagar na bebida
Consumir bebida alcoólica em excesso pode provocar estragos gigantescos no organismo da pessoa e também na interação com os outros — principalmente desconhecidos. 

 

A cardiologista Silvana Vertematti recomenda hidratar-se e alimentar-se adequadamente. Ela aconselha ingerir água na mesma quantidade que a de álcool. “A cada duas latas de cerveja, por exemplo, beba entre 500 ml a 1 litro de água ou líquidos, como isotônicos ou sucos de frutas, que, além de repor o líquido, também são fontes de nutrientes importantes na manutenção do equilíbrio eletrolítico do organismo”, explica.

 

Para a psicóloga Bruna, na questão comportamental, é preciso reconhecer os próprios limites e fazer um acordo com os amigos para conseguir se controlar também. “Por que não lembrar de todo o divertimento no dia seguinte? Guardar as memórias boas e divertidas do que se esquecer de todos os momentos alegres vividos pode ser bem mais interessante”, aconselha.

 

Respeite o próximo!
Não só dá como é necessário que as pessoas aprendam a respeitar o outro e entendam os limites de cada um. Afinal, só assim para que todos possam aproveitar os festejos sem dores de cabeça e ressacas morais. “Assim, todos saem ganhando e aproveitam muito mais!”, destaca a psicóloga Júlia Paolucci.

 

Fotos: instagram/leandra leal