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Moro passa por novo constrangimento

02/03/2019

Muitos brasileiros que aplaudiram de pé quando o então juiz Sérgio Moro foi confirmado como ministro da Justiça e Segurança Pública agora estão desolados. A imagem de paladino foi definitivamente para o espaço esta semana, quando Moro cedeu a pressões e recuou na indicação da cientista política Ilana Szabó do Conselho de Política Criminal e Penitenciária. 

 

Diretora-executiva do Instituto Igarapé, ela é simplesmente uma das maiores especialistas do assunto no Brasil e reconhecida internacionalmente. Foi o próprio presidente Jair Bolsonaro quem pediu a cabeça de Ilana, por acreditar em ataques contra ela feitos em redes sociais, de que Ilana seria “de esquerda”. Moro ainda tentou defendê-la, mas não teve jeito. Também nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro, o Filho 02, comemorou: “grande dia”.

 

Da água para o vinagre
Este é mais um episódio constrangedor para Sérgio Moro. Quando juiz, dizia que “caixa 2” era pior que corrupção. Agora, diz que caixa 2 “não é a mesma coisa que corrupção”. Confrontado com a situação do agora colega de ministério Onyx Lorenzonni, que confessou ter cometido crime eleitoral, saiu com essa: “Ele já admitiu e pediu desculpas”. 

 

Desta vez, quem teve que pedir desculpas públicas foi o próprio Moro, ao ser obrigado a “desnomear” Ilana. 

 

Carta laranja
No fim do ano passado, Moro bateu no peito ao dizer que só aceitou o cargo com a garantia de ter “carta branca”. Não é o que vem acontecendo. Foi voto vencido no caso do decreto que libera a posse de armas. 
Teve que ceder no seu plano nacional de segurança pública e deixou de considerar caixa 2 como crime.

 

Disse que fez isso após ouvir “reclamações razoáveis”, justamente de políticos envolvidos até o último fio de cabelo com casos escabrosos.

 

O ministro da Justiça e Segurança Pública permanece em silêncio em relação às denúncias envolvendo o senador Flávio Bolsonaro, o Filho 01, o motorista Fabrizio Queirós, e a filha-fantasma dele, a personal trainer Nathália.

 

Agora, com este episódio envolvendo a desnomeação de Ilana Szabó, o mais fiel defensor de Sérgio Moro fica em dúvida se ele realmente tem a independência necessária para entregar o que prometeu. Se num caso corriqueiro de indicar uma conselheira (que não tem poder de decisão nem recebe remuneração) Moro é obrigado a recuar, imagina o que pode acontecer nas grandes questões…

 

Depois de tantas situações constrangedoras em apenas dois meses de governo, Sérgio Moro já deve estar arrependido de ter aceitado o cargo.

 

Foto: Wilson Dias/ABR