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O uso de drogas

16/03/2019

O uso de drogas psicoativas é um problema de saúde pública. Isso é um fato inconteste, tanto quanto é uma situação altamente complexa, multifatorial. Todas as instâncias da sociedade estão envolvidas e o diálogo é muito necessário. As autoridades políticas, policiais e sanitárias precisam dialogar com a sociedade. As drogas comprometem a qualidade de vida de todos, dos próprios usuário e dos entes queridos que os cercam.

 

Estima-se que 0,55% da população mundial seja dependente de algum tipo de substância psicoativa. No Brasil, considerando-se apenas o crack, é uma droga utilizada de forma compulsiva por cerca de 370 mil pessoas. Todas as drogas psicoativas são problemas, mas o crack tem assumido posição de destaque em função das últimas notícias e pela disseminação do seu consumo nas ruas de todo o país, de forma totalmente escancarada.

 

O crack, por ser uma droga mais barata está muito presente nos grupos de pessoas com maior fragilidade social, como os de situação de rua. Estudos têm demonstrado que os usuários de crack, normalmente, estão associados aos ambientes de violência e marginalização. Enquanto os homens apresentam algum histórico de trabalho remunerado, a maioria das mulheres usuárias de crack são provenientes da prostituição. Outra caracterização é a de que os homens usuários de crack, em maior proporção, também fazem uso de outros tipos de drogas. Já as mulheres tendem a somente usar crack, porém muitas delas iniciaram essa condição de vida fazendo uso de substâncias inalantes.

 

O crack, além de ser uma droga mais barata, traz dependência em menor prazo de tempo de uso. Além disso, ao ser fumado, as pedras de crack apresentam estimulação do sistema nervoso central em curto prazo, próximo de 15 segundos, mas seu efeito dura em torno cinco minutos. Essa condição faz com que o usuário faça uso seguido de uma pedra atrás da outra, gerando um forte quadro compulsivo. O uso de crack provoca muitos distúrbios psíquicos que poderiam ou não estar presentes antes do uso constante da droga.

 

O uso de crack tem sido associado ao total esgarçamento psicossocial do indivíduo. Em parte, porque a tendência ao uso obsessivo faz com que o usuário não veja outras alternativas para a vida que não seja o consumo da droga. Isso faz com que sua vida econômica seja exclusivamente voltada para o consumo. Nesse quadro, as políticas de atenção ao usuário consideram sua falta de capacidade de decisão pela cessação e daí a opção pela internação compulsória. Mas estudos apontam que o uso pesado da droga não se traduz nessa incapacidade, porém na necessidade de uma abordagem diferenciada ao o sujeito usuário. Apesar do comprometimento, o usuário continua um  cidadão brasileiro.

 

Foto: Stock