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Autismo atinge 1chr37 da população

06/04/2019

Um mundo particular, para o qual são expulsos e ao mesmo tempo tragados (por mais paradoxal que isso possa parecer) todos os que orbitam a vida do paciente. Circundado de mistérios e dúvidas, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) intriga especialistas e familiares quanto às suas causas e melhores práticas de como lidar com a questão.

 

Estima-se que o autismo, nas suas mais variadas formas e graus de complexidade, atinja cerca de 1% das crianças (e quatro vezes mais frequentes entre meninos do que em meninas). A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 70 milhões de pessoas no mundo são portadoras do TEA. No Brasil, esse número pode alcançar 2 milhões. Em Santos, estima-se que sejam entre 4 e 8 mil pessoas.

 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico, todas relacionadas com dificuldade no relacionamento social.

 

O TEA é caracterizado por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente: dificuldade de comunicação, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

 

Causas
É praticamente consenso entre os especialistas que o autismo tem múltiplas causas. Entre eles, fatores genéticos, biológicos e ambientais.  Até os anos 1980, era considerado UM distúrbio adquirido por influência do ambiente. Atualmente, os especialistas indicam que os fatores genéticos sejam responsáveis por 90% do transtorno, e 10% o ambiente. 

 

Um estudo do Autism Genome Project Consortium, formado por cientistas de mais de 50 instituições europeias e americanas, divulgado em 2007, revelou que o autismo estaria diretamente relacionado a um gene. Mutações provocariam desequilíbrio entre os os sinais excitatórios e inibitórios que trafegam entre os neurônios, afetando o aprendizado, a linguagem, a comunicação social e a memória.

 

Diagnóstico
A dificuldade em estabelecer diagnósticos está no fato de que não existem exames laboratoriais ou de imagem que ajudem a identificar o autismo. Em geral, considera-se o histórico do paciente, a observação do seu comportamento e o relato dos pais. O diagnóstico, que deve ser feito por um especialista, é baseado em sinais e sintomas, considerando critérios estabelecidos pelo Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria (DSM–IV) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS).

 

Treinamento
Feito o diagnóstico, é fundamental que as pessoas do convívio do autistas aprendam técnicas que facilitam a autossuficiência e a comunicação da criança e o relacionamento entre todos que com ela convivem.

 

Tipos
Clássico –
O indivíduo é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com outras pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação. Não compreendem metáforas nem o duplo sentido, apreendem apenas o sentido literal das palavras. Nas formas mais graves, demonstram ausência completa de qualquer contato interpessoal. São crianças isoladas, que não aprendem a falar, não olham para as outras pessoas nos olhos, não retribuem sorrisos, repetem movimentos estereotipados, sem muito significado ou ficam girando ao redor de si mesmas e apresentam deficiência mental importante.

 

Alto desempenho – Também chamado de Síndrome de Asperger, tem as mesmas dificuldades dos outros autistas, mas numa medida bem reduzida. É verbal e inteligente, a ponto de ser confundidos com gênios, porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento em que se especializam. 

 

Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação (DGD-SOE) – É considerado dentro do espectro do autismo (dificuldade de comunicação e de interação social), mas os sintomas não são suficientes para incluí-los em nenhuma das categorias específicas do transtorno, o que torna o diagnóstico muito mais difícil.

 

Caminhada e atendimento especializado

Acontece neste sábado (6), a partir das 15h, a 6ª Caminhada Azul pelo Autismo. A concentração acontece na Praça das Bandeiras (Gonzaga). Os participantes percorrerão o calçadão da praia, até a Concha Acústica. Quem quiser participar é só comparecer, de preferência vestindo azul. O evento é uma realização do grupo Acolhe Autismo, com o copatrocíno da Unimed Santos. 

 

Também no sábado, das 9 às 12 horas, profissionais da Cooperativa Médica estarão na barraca de praia da Associação Paulista de Medicina (APM) Santos (Gonzaga, Canal 3), distribuindo o folheto “Vivendo bem com o TEA”.

 

Em novembro passado, a Unimed inaugurou o Núcleo Multidisciplinar do Transtorno do Espectro Autista (MultiTEA), para oferecer tratamento específico e individualizado. Sob a coordenação da médica psiquiatra Mailu Enokibara de Paula, a unidade dispõe de uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogas e pedagoga.