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Os filhos não são nossas propriedades

20/04/2019

Mei Ling era chinesa e morava no Havaí. Contrariando o pai, que a desejava ver casada com alguém dos clãs chineses, ela foi para a Califórnia.

 

Entrou para a Universidade, apaixonou-se por um americano branco, de olhos azuis e com ele se casou.

 

Uma cerimônia simples, bem ao contrário das festas pomposas, no estilo dos casamentos tradicionais, como esperava seu pai.

 

Depois do casamento, um silêncio pesado se fez entre pai e filha. Ele não a visitava, ela também não.

 

Quando a mãe telefonava, o pai nunca pedia para falar com a filha.

 

Por todas essas atitudes do pai, Mei Ling entendia que ele estava desaprovando tudo o que ela fizera. Ela traíra todos os princípios que ele acreditava muito importantes.

 

Contudo, Mei Ling se lembrava da infância feliz, no Havaí. Lembrava-se de, aos três anos, ser a sombra do pai. Correr atrás dele entre as bananeiras. E, quando ela cansava, ele a carregava nos ombros.

 

Dali de cima ela podia ver o mundo. E o pai cantava uma canção que falava: 

 

“Você é minha luz do sol. Você me faz feliz quando o céu está cinzento”.

 

Então, Mei Ling teve um bebê. 

 

Quando o bebê completou cinco meses, ela decidiu que era a hora de mostrá-lo aos avós. Por isso, ela, o marido e o filho foram ao Havaí.

 

Mei Ling estava angustiada. Será que o pai a receberia? Ela estava levando um menino no colo, que pouco tinha a ver com os antepassados chineses.

 

Como mãe, ela dizia para si mesma que se seu pai rejeitasse o neto, ela nunca mais voltaria.

 

Ao chegarem, as saudações foram educadas. O velho chinês olhou a criança sem nenhuma reação.

 

Depois do jantar, o bebê foi acomodado no berço em um quarto. Mei Ling e o marido se recolheram para um descanso. De repente, ela acordou em sobressalto. Havia passado a hora do bebê mamar.

 

Levantou-se. Nenhum som de choro. Pelo contrário, ela ouviu uma risada delicada de bebê. Atravessou o corredor, chegou à sala.

 

Seu filho estava deitado em uma almofada, com as mãos e os pés em agitação alegre. Sorria para o rosto inclinado sobre ele. Um rosto asiático, bronzeado pelo sol.

 

O avô dava a mamadeira para o netinho, enquanto lhe acariciava a barriguinha e cantava baixinho: “Você é minha luz do sol”.

 

A criança conseguira, em breve tempo, conquistar o coração do avô e pôr fim a um afastamento tolo entre pai e filha.

 

Hoje, o avô chinês caminha feliz, seguido por uma sombra saltitante de olhos cor de mel e cabelos encaracolados, de quatro anos de idade.

 

[com base em artigo da revista Seleções Reader’s Digest e na Redação do Momento Espírita]

 

Os filhos não são propriedade dos pais. Portanto, têm direito a suas escolhas.

 

Os pais devem estar conscientes de que os filhos são almas, que nascem através deles, mas os seus desejos, os seus anseios não competem aos que os geraram.

 

Aos pais cabe a orientação, a diretriz segura, mas a caminhada é de exclusividade dos filhos.

 

Romper o vínculo de afeto por quaisquer questões tem sempre como consequência dor para ambas as partes.

 

O melhor, portanto, é dialogar, ponderar e se chegar a um acordo.

 

Um acordo em que o filho siga o caminho para a conquista da sua felicidade e os pais se apresentem como o apoio, o abrigo seguro, a terra firme do bom senso.

 

PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE