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Automedicação é um problema nacional

04/05/2019

Tomar remédio por conta própria é um hábito de 77% dos brasileiros. É o que mostra pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). Os resultados vão subsidiar uma campanha nacional de conscientização, que será iniciada neste domingo (5), Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos.

 

De acordo com o levantamento, 77% dos brasileiros fizeram uso de medicamentos nos últimos seis meses; 47% se automedica pelo menos uma vez por mês; e 25% o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana.

 

Para o presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP), Marcos Machado, a pesquisa dimensiona a gravidade de um problema que já era de conhecimento de todos. “Não é por acaso que os medicamentos surgem como uma das principais causas de intoxicação no país. É uma cultura que necessita mudar. A população precisa ser orientada que medicamento não é um produto qualquer, seu uso implica em riscos à saúde”.

 

O estudo detectou ainda uma modalidade diferente de automedicação, a partir de medicamentos prescritos. Nesse caso, a pessoa passou pelo profissional da saúde, tem um diagnóstico, recebeu uma receita, mas não usa o medicamento conforme orientado, alterando a dose receitada. 

 

Esse comportamento foi relatado pela maioria dos entrevistados (57%), especialmente homens (60%) e jovens de 16 a 24 anos (69%). A principal alteração na posologia foi a redução da dose de pelo menos um dos medicamentos prescritos (37%). O principal motivo alegado foi a sensação de que “o medicamento fez mal” ou “a doença já estava controlada”. Para 17%, o motivo que justificou a atitude foi o custo do medicamento – “ele é muito caro”.

 

Também foi observado que 22% dos entrevistados que utilizaram medicamentos nos últimos seis meses tiveram dúvidas, mesmo em relação aos medicamentos prescritos, principalmente no que diz respeito à dose (volume e tempo) e a alguma contraindicação contida na bula. O mais grave é que cerca de um terço dos entrevistados não procurou esclarecer as dúvidas e, desses, a maioria parou de usar o medicamento. 

 

Dr. Google
Depois do médico, a internet e a bula são as principais fontes de informação para sanar dúvidas relacionadas ao uso de medicamentos. Os farmacêuticos (que prescreveram ou dispensaram o medicamento) foram a quarta fonte mais consultada, tendo sido citados por 6% dos entrevistados.

 

A facilidade de acesso ao medicamento foi outro fator determinante, principalmente entre o público jovem, de 16 a 24 anos (70%).

 

Os medicamentos mais utilizados pelos brasileiros são analgésicos e antitérmicos (50%), antibióticos (42%) e relaxantes musculares (24%). 

 

Descarte
A pesquisa apurou também que 76% dos brasileiros descartam os medicamentos que sobram ou vencem, incorretamente — no lixo comum. Quase 10% afirmaram que jogam os restos no esgoto doméstico (pias, vasos sanitários e tanque).

 

Foto: free image bank