Já me deparei com comentários recentes sobre o jornalismo da Rede Globo dando conta de que a emissora “pagaria por erros cometidos no passado”. Ou seja, não seria mais tendenciosa como outrora.
Pois o episódio envolvendo a entrevista do ex-presidente Lula à Folha de S.Paulo e ao El País prova que nada mudou.
A Globo simplesmente ignorou um fato noticiado amplamente não só por aqui, mas pela imprensa internacional. Exemplos: The New York Times, Washington Post, El Clarin, Le Figaro, The Guardian.
Pior: Segundo a Folha, houve uma orientação da direção da emissora, sem justificativas, para que a entrevista de Lula não fosse noticiada.
Procurada pela jornalista Monica Bergamo para comentar o caso, a assessoria de comunicação da Globo negou a recomendação aos jornalistas da casa. Porém, não justificou a ausência da notícia em seus telejornais.
E não venham dizer que “entrevista com presidiário não interessa”. Pelo contrário, vide os papos com o Maníaco do Parque, Suzane Richtofen, casal Nardoni…
Record também – Vale dizer que a Record também ignorou a entrevista de Lula. Aí já era de se esperar, pois o jornalismo da rede do Edir Macedo é praticamente uma assessoria de imprensa do atual governo federal.
De última hora – Ainda em relação ao ex-presidente, a Rede TV! havia anunciado que mostraria sábado passado uma entrevista feita pelo jornalista Kennedy Alencar. Mas a exibição acabou cancelada de última hora, fato que repercutiu rapidamente na internet. Houve quem divulgasse que teria havido “censura interna” na emissora.
Para justificar o ocorrido, a emissora divulgou a seguinte nota:
“A RedeTV! foi contratada no ano passado pela BBC World News e pela K.doc para gravar entrevistas para uma série-documentário de três capítulos. Realizou 12 entrevistas, 3 das quais com ex-presidentes da República. A série, chamada “ What Happened to Brazil”, foi transmitida internacionalmente em janeiro pela BBC. A entrevista com Lula foi solicitada à época como parte desse projeto. Liberada agora pela Justiça, foi gravada na última sexta-feira (dia 3). A entrevista será usada pela BBC World News com exclusividade, numa sequência da produção desenvolvida no ano passado. Todos os direitos sobre imagens e direção editorial são da BBC.”
