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Nome de Doria para presidente cresce com desgaste de Bolsonaro

29/06/2019

Por gravidade, está caindo no colo do governador João Doria a chance de ser o candidato a presidente da República, no espectro do centro-direita, em 2022, num embate que fatalmente será com um candidato de esquerda/centro-esquerda e com um Bolsonaro enfraquecido.

 

Doria vem ocupando um espaço político que naturalmente deveria ser ocupado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), que já admitiu a possibilidade de disputar a reeleição. E por uma série de fatores, uma parte ligada ao mau desempenho de Bolsonaro e outra devido aos resultados que Doria vem conseguindo no comando do estado mais rico da nação.

 

Voo em parafuso
Troca de ministros, decisões e declarações controversas, dificuldades de tocar medidas importantes como a reforma da Previdência, ausência de ações efetivas para reverter a crise econômica, escândalos envolvendo pessoas à sua órbita, críticas de líderes mundiais… o repertório de problemas ajuda a explicar a queda de popularidade do governo Bolsonaro evidenciada nas pesquisas — a aprovação caiu para 32%, segundo pesquisa do Ibope, o pior resultado para os seis primeiros meses de mandato de um presidente. O índice de ruim/péssimo subiu de 27% para 32% e o índice de desaprovação é maior do que o de aprovação: 48% a 46%.

 

Céu de brigadeiro
Já João Doria voa no sentido contrário, com medidas impactantes e que fazem até mesmo quem o via com reservas torcer o nariz. Esta semana, o governador paulista manifestou uma posição muito firme, na defesa de manter a realização do Grande Prêmio de Formula 1 em São Paulo. 

 

Em evento no Rio de Janeiro, Bolsonaro disse que as chances de a corrida voltar a ser realizada na capital fluminense seriam de 99%. Doria foi mais ligeiro que o piloto Lewis Hamilton: convocou uma entrevista coletiva e afirmou que nada estava decidido e a tendência era que a prova permanecesse em São Paulo. E ainda sapateou na cabeça de Bolsonaro. “O lugar onde querem fazer a prova no Rio, Deodoro, só dá para chegar a cavalo. Não há nada, nem acesso, nem energia, nem saneamento”, disse.

 

“Como governador eleito do estado de São Paulo, ao lado do prefeito, a nossa obrigação é defender os brasileiros do estado de São Paulo. A ele [Bolsonaro] é quem cabe defender o Brasil. Fórmula 1 é uma atividade de entretimento e econômica, não é de ordem política”, completou.

 

Bandeira branca
Ao discursar na abertura de um evento destinado a debater o porto de Santos, promovido pelo grupo A Tribuna, João Doria citou nove vezes o prefeito Paulo Alexandre Barbosa —o que gerou grande surpresa. O gesto foi encarado como uma pacificação entre os dois políticos tucanos, após o embate na campanha eleitoral do ano passado —Barbosa manifestou apoio ao então governador Márcio França (PSB), e não a Doria. 

 

A animosidade continuou após a eleição, com o cancelamento de convênios e repasses de verbas do Governo do Estado para a Prefeitura de Santos, o que foi considerado uma retaliação à posição de Barbosa.

 

No programa Ponto de Vista de terça-feira (25), o prefeito Paulo Barbosa confirmou que as relações entre o Estado e o município estão harmônicas e inclusive já foi recebido por Dória no Palácio dos Bandeirantes. “Temos uma relação respeitosa e de cooperação”, disse.

 

Sentido inverso
A tendência é a candidatura de Doria, comandando o estado com maior orçamento do país, decolar cada vez mais e Bolsonaro, caso siga nesta toada, realizar um verdadeiro salto sem paraquedas. 

 

Nova aposta
Mais um desiludido é o empresário Paulo Marinho, um dos primeiros a acreditar na candidatura de Bolsonaro, e que agora apoia Doria para presidente. Marinho diz ter dado suporte a Bolsonaro quando ninguém acreditava e, depois que foi eleito, o agora presidente nunca mais o procurou. “Se dependesse de mim, Doria já era presidente hoje. Se Bolsonaro concorrer, coisa que não acredito, Doria será meu candidato”, disse Marinho, que é suplente do senador Flávio Bolsonaro, o filho 02 do presidente.

 

Foto: Governo do Estado de São Paulo