TV em Transe

Jornalismo? Fique com o humor

20/06/2019

O vazamento de conversas entre o ex-juiz e atual ministro da justiça Sérgio Moro com promotores da Lava Jato tem gerado repercussão internacional. O motivo é o conteúdo das mensagens, que revelariam práticas ilegais no andamento de processos. Porém, há por aqui quem prefira pautar a cobertura sob um outro prisma.

 

Para o jornalismo da Rede Globo, o mais importante é discutir se o vazamento configura em um crime e conferir todo o espaço possível para que Moro e os promotores, em espacial Deltan Dallagnol, tentem se justificar. Quanto às mensagens em si, a tentativa é desqualificá-las. Não têm importância, foram alteradas por hackers…

 

As matérias exibidas nos telejornais da emissora e no “Fantástico” mais parecem produto de assessoria de imprensa.

 

Mais um capítulo vergonhoso para a já extensa ficha corrida do jornalismo global, que parece mesmo incorrigível. Aliás, não duvido nada que os vazamentos obtidos pelo “The Intercept” respinguem na Rede Globo, pois segundo os editores do site há ainda muito material bombástico a ser revelado.    

 

Humor – Se o jornalismo é tendencioso, pelo menos o mesmo não pode se dizer dos programas humorísticos da emissora, que de uns tempos pra cá adotaram um tom mais politizado, sem poupar ninguém – exatamente como deve ser.

 

O excelente “Tá no ar” se despediu, mas desde que foi reformulado o “Zorra Total” tem produzido esquetes satirizando o noticiário político nacional.

 

Sábado passado, exibiram um clipe impagável: uma paródia justamente do escândalo da “Lava Jato”. Os atores Antonio Fragoso e George Sauma encarnaram Moro e Dellagnol, respectivamenmte, interpretando uma releitura de “João e Maria”, de Chico Buarque. O início da letra, por exemplo, foi alterado de “Agora eu era herói” para “Eu antes era herói”…

 

A Rede Globo chegou a um ponto em que seus programas de humor são mais confiáveis e informativos que seu jornalismo.

 

Foto: Reprodução/Rede Globo