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Resenha da semana: O Rei Leão

20/07/2019

Assisti recentemente a animação original de 1994 O Rei Leão e ele realmente foi um clássico para a época. A lição de respeito entre animais e a natureza, os ensinamentos sobre o ciclo da vida e a relação entre pai e filho eram alguns dos pontos altos de uma animação que é praticamente impecável e foi o grande divisor de águas da Disney. Seguindo a proposta da gigante produtora em refilmar todos os seus clássicos, agora em live action, chegou a vez de O Rei Leão, onde tinha como grande desafio dar ao espectador a sensação de assistir um filme com animais reais e neste quesito, ele triunfa absurdamente. Cada quadro criado é extremamente fiel ao original com um trabalho visual absurdo, onde por vezes parece um documentário sobre os animais da África. A pergunta é: a animação merecia um remake? O desenho original talvez seja um dos trabalhos mais impressionantes em questão de animação tradicional, justamente pela rica expressão de seus personagens, que só era possível naquele formato. Agora, mesmo com todo este vislumbre visual, estes mesmos personagens não herdaram as expressões humanas de seus antecessores por se tratarem de animais da vida real, sem sorrisos, sem cara de malvado ou que vão aprontar alguma. Só que mesmo assim eles falam. E esse talvez seja o problema dessa nova versão.

 

O filme é dirigido por Jon Favreau, o mesmo diretor do primeiro Homem de Ferro, e ele praticamente recria quadro por quadro a animação de 1994. Desde sua impactante abertura, com aquele sol no horizonte e a reunião de todos os animais até os diálogos idênticos do original, tudo eleva a nostalgia ao máximo. 

 

O roteiro não consegue captar a essência e coração do longa original transformando seu vilão, que antes era irônico e sarcástico, em um triste e ressentido leão ao passo que uma das cenas que era para ser a mais emocionante do longa (a morte de Mufasa) não chega nem de longe a convencer. Porém, o texto consegue dar mais espaço para Nala e gostaria muito que Mufasa, que é de longe meu personagem favorito, tivesse mais tempo de tela nesse novo longa. É impressionante como a imponência deste personagem segue forte todo o filme, mesmo sem sua presença. 

 

A trilha sonora de Hans Zimmer continua épica, marcante e icônica onde tenho certeza que fará os olhos do público brilharem. Com a inexpressividade dos personagens, a emoção cabe unicamente da trilha sonora e da performance vocal dos atores. Ninguém poderia fazer melhor a voz de Mufasa do que James Earl Jones, que retorna ao icônico personagem após 25 anos, pois os produtores não acharam ninguém melhor para fazer. Sua voz tem uma imponência e um ar de sabedoria que casam perfeitamente com o personagem. De resto, ninguém consegue repetir o feito dos artistas anteriores, com um apagado Donald Glover, como o adulto Simba e uma deslocada Beyonce, como Nala.

 

O Rei Leão é impecável visualmente e impressiona pela beleza e realismo, mas quebra o que era mais importante no original: a personalidade e o carisma de seus personagens, o que arrebatou o coração do público do mundo inteiro. Infelizmente, é uma Mona Lisa sem a marca autoral de um Leonardo Da Vinci.

 

Curiosidades: Três artistas que participaram da animação original de O Rei Leão (1994) estão com o mesmo posto que tiveram na versão do filme em live-action. Os nomes são Elton John, Tim Rice e James Earl Jones, que exercem as funções de compositor da música original, compositor do filme e a dublagem do personagem Mufasa, respectivamente.

 

 

Foto: Reprodução