Notícias

Dormir bem diminui o risco de infarto

02/08/2019

Uma noite de sono mal dormida se transforma em cansaço e mau humor no dia seguinte. Se não bastasse isso, um estudo apresentado na conferência anual da Sociedade Europeia de Cardiologia, desenvolvido na Academia Russa de Ciências Médicas, mostrou uma relação entre dormir mal e maiores chances de ter doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, e que a falta de sono aumenta consideravelmente as chances de desenvolver doenças cardiovasculares, as principais causas de morte no mundo.

Para chegar a essas conclusões, os especialistas recrutaram 657 homens com idade entre 25 e 64 anos, todos sem histórico familiar de infarto, AVC ou diabetes. Primeiramente, sua qualidade do sono foi avaliada de acordo com a Escala de Sono Jenkins, que identifica a frequência e qualquer dificuldade de dormir ao longo da noite. Os homens então foram classificados e separados de acordo com sua qualidade de sono (entre os que tinham algum problema e os que não tinham), e na sequencia os especialistas mediram a incidência de AVCs e ataques cardíacos entre eles. 

Ao comparar os resultados, eles perceberam que os homens classificados como portadores de distúrbios do sono tinham de 2 a 2,6 vezes mais chances de terem um infarto, e entre 1,5 e 4 vezes mais chances de ter um AVC. "Em geral, são indicadas de sete a nove horas de sono por noite, mas essas quantidade são individuais. Por isso a qualidade do sono costuma ser mensurada pelos especialistas através da sensação de bem-estar da pessoa ao acordar. Despertar sem nenhum cansaço é o grande indicador de que você dormiu o necessário", explica dr. Pedro Genta, pneumologista do HCor.

Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores acompanharam 14 mil candidatos ao longo de 10 anos e constataram que aqueles que dormiam bem reduziram em cerca de 80% as chances de terem um infarto. Todos tinham um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e baixo consumo de álcool.

Prevenção das doenças cardiovasculares
De acordo com o cardiologista Abrão Cury, do HCor, a má qualidade do sono provoca uma série de disfunções no organismo. Falta ou excesso de sono estão associados a eventos que levam a óbito, como o diabetes tipo 2, hipertensão arterial, alterações respiratórias e obesidade.

Durante o sono, o ritmo cardíaco diminui e faz com que o organismo fique num estado de compensação de energia. "O corpo de quem dorme pouco e mal não faz esta pausa e por isso fica mais propenso a problemas cardíacos. Além disso, a dificuldade em pegar no sono provoca estresse e irritabilidade, favorecendo a liberação de cortisol, o hormônio que age no controle da pressão arterial", esclarece o cardiologista do HCor.
A privação de sono é certamente responsável pela redução da expectativa de vida. Cada um precisa de determinado tempo de sono. "O ideal seria sete horas por dia. Mas, além da quantidade, é importante que esse descanso tenha qualidade e seja reparador", alerta o médico.

O nosso organismo produz, durante o sono, a leptina, um hormônio capaz de controlar a sensação de saciedade. Portanto, pessoas que têm dificuldades para dormir produzem menores quantidades desta substância. A consequência é a ingestão exagerada de calorias durante o dia, pois o corpo não se sente satisfeito. Além disso, o grupo dos insones produzem uma maior quantidade de um outro hormônio, a grelina, uma substância que está relacionada a fome e a redução do gasto de energia.

Outro fator importante é a perda de gorduras. "As pessoas que dormem de seis a oito horas por dia queimam mais gorduras do que aquelas que dormem pouco ou tem o sono fragmentado", finaliza.