Vida em Dia

Quando o medo de se relacionar vira doença

05/10/2019

Relacionamentos curtos, rupturas abruptas e sem explicações podem ser sinais de filofobia, problema caracterizado pelo medo de se relacionar e de se apaixonar por alguém. Segundo a psicóloga Camila Moura, na maioria das vezes, o distúrbio começa a ser percebido quando as memórias das frustrações anteriores (de relacionamentos que não deram certo) começam a ficar mais intensas. "Aparecem sintomas físicos como dores no corpo, sudorese ou sensação de ansiedade, por exemplo".

 

De acordo com a psicóloga, o medo de amar ou filofobia se classifica como um transtorno de ansiedade manifestado pelo pânico de uma determinada situação que parece ser ameaçadora, mas não é. "A sensação de quando se está prestes a iniciar um vínculo fica semelhante a casos em que a integridade física está em risco. Porém, o que está em jogo mesmo é a integridade psicológica da pessoas".

 

Trata-se de um transtorno que se manifesta especificamente nas situações que envolvem um relacionamento amoroso. "Os casos estão relacionados a experiências e frustrações acumuladas, como o fim de um relacionamento ou uma traição", explica Camila, que acrescenta: "Essa experiência ruim pode influenciar nas próximas relações ou não. Certas pessoas lidam de forma tranquila com as intercorrências afetivas, ou seja, se frustram, mas, depois de um tempo, assimilam. Outras não! E passam por um processo muito doloroso, penoso e traumático".

 

Para a psicóloga, a explicação é de que a memória volta no tempo e traz não só a imagem, mas os sintomas físicos, como taquicardia, palpitação e formigamento nas mãos e nos pés, decorrentes desse sofrimento. "O resultado, normalmente, é o isolamento social, o medo de se apaixonar, de se aproximar ou de se permitir a gostar de outra pessoa novamente, já que isso se caracteriza como uma ameaça, um perigo latente".

 

Identificar essa auto-sabotagem é fundamental. "Quem tem medo de se apaixonar, associa a pessoa amada com uma experiência frustrante do passado". O tratamento é feito com acompanhamento psicológico e exercícios que vão ajudar na aceitação das frustrações, que podem ocorrer também no ambiente de trabalho e até no dia a dia. "Quando se treina isso em outros papéis fica mais fácil de vivenciar da mesma forma as intercorrências de uma relação afetiva".