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O tempo não para

19/10/2019

“A pior ditadura é a do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer”. A frase dita pelo diplomata e jurista Ruy Barbosa é perfeita para os dias de escuridão que vivemos. A escuridão da indecência, patrocinada pela Suprema Corte do país que está prestes a dar carta branca para os grandes ladrões de colarinho branco da República, aqueles que roubam de hospitais e de escolas e que humilham milhões de brasileiros de bem.

 

Ao longo de sua história o Brasil sempre foi saqueado por uma elite inescrupulosa, mas a partir da Operação Lava Jato ficou a impressão de que ricos e poderosos também poderiam ser presos. E foram. Os maiores caciques políticos, os megaempresários e seus companheiros de propina e roubo sentiram o braço da lei.

 

O sistema demorou para reagir, mas reagiu. O então ministro Romero Jucá, ele mesmo indiciado por corrupção e lavagem de dinheiro, sugeriu, ainda durante o governo Temer, “estancar a sangria” provocada pela Lava Jato, num “grande pacto, com o Supremo, com tudo”.

 

Pois é. O pacto foi feito e, para libertar Lula e demais ladrões de colarinho branco, o STF está prestes a sepultar a Justiça e transformar o Brasil no único país do mundo onde o criminoso poderá recorrer em liberdade até a quarta instância. A elite corrupta receberá o alvará definitivo para continuar saqueando o país impunemente. Para a cadeia apenas os pobres, pretos e prostitutas, como nos velhos e bons tempos…É a indecência legitimada em nome dos direitos individuais. Dos ricos e poderosos, naturalmente.

 

A foto dos advogados dos grandes ladrões da República no plenário do STF, todos gargalhando, fala por si só.  Dá nojo! É o prenúncio de dias sombrios para o Brasil. Eles são e falaram na Suprema Corte como os amici curiae (amigos da corte, em latim).

 

Como dizia a música de Cazuza, o tempo não para, “a tua piscina tá cheia de ratos, tuas ideias não correspondem aos fatos”.

 

Brasil, mostra a tua cara. O tempo não para. Um dia passa, mas nunca é demais relembrar a frase atribuída ao filósofo irlandês, Edmund Burke: “O mal triunfa quando os bons se omitem”.