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E a festa continua

14/12/2019

Apesar de o Brasil ainda não ter saído completamente da maior crise econômica de sua história recente, com mais de 12 milhões de desempregados, os presidentes da Câmara, Senado e STF (Supremo Tribunal Federal) continuam desfrutando da doce vida de Brasília.

 

A democracia brasileira tem o privilégio de oferecer grandes vantagens e prazeres para aqueles senhores que deveriam olhar para seu povo e oferecer caminhos para tirar o país do atoleiro. Algo inaceitável em Nações civilizadas, mas que no Brasil, se transformou em usos e costumes.

 

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sim, aquele mesmo cidadão que aparece nas planilhas de propina da Odebrecht com o codinome “Botafogo”, mostrou ao país que é um trabalhador incansável. Somente neste ano, Rodrigo Maia já usou os jatinhos da FAB em 229 viagens “a serviço”, levando, em sua companhia, 2.131 convidados. Todas as viagens por conta do contribuinte, é claro.

 

O presidente do STF, Dias Toffoli, outro abnegado servidor público, foi mais modesto e só fez 87 viagens em jatinhos da FAB, levando consigo 1.091 pessoas. Davi Alcolumbre, que chegou à presidência do Senado defendendo a tal “nova política”, foi ainda mais econômico. Só se utilizou dos voos da FAB 43 vezes em companhia de outros 743 passageiros.

 

O cidadão mais desavisado haverá de se perguntar o motivo pelo qual esses senhores, que juraram defender a Constituição e os direitos do povo brasileiro, não viajam em aviões de carreira, como todos os mortais. Bem, são dois fatores que os impedem: O primeiro é que a atual legislação garante a eles o direito de requisitar, quando bem entenderem, jatos da FAB. A segunda é que eles correm o risco de ser hostilizados em aeroportos ou durante eventuais voos de carreira.

 

Isso explica porque Toffoli requisitou um jatinho da FAB, em 14 de novembro, para viajar de Brasília a São Paulo para comemorar seu aniversário. Tudo dentro da lei, mas inaceitável em países onde a democracia é exercida em sua plenitude.

 

A questão é: até quando o Brasil vai aceitar passivamente tamanho deboche?

 

Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil